Senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou na última sexta-feira, 5 de dezembro, que foi escolhido pelo pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), para ser o candidato do PL à Presidência da República nas eleições de 2026. Essa decisão, manifestada pela primeira vez pelo ex-presidente — atualmente detido na Superintendência da Polícia Federal em Brasília — gerou reação no Palácio do Planalto.
Interlocutores do Executivo avaliam que a oficialização de Flávio Bolsonaro beneficia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), facilitando sua reeleição, especialmente em comparação ao cenário em que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) fosse o adversário.
Isso se deve ao fato de que o senador, que está atrás de Lula nas pesquisas atuais, possui maior dificuldade de atrair o apoio do Centrão e dos eleitores moderados, em razão da rejeição associada a sua ligação com o clã Bolsonaro.
O nome de Tarcísio de Freitas era considerado pelo mercado e parte do empresariado como o capaz de unificar a direita, atrair o centro e diminuir as incertezas econômicas. No entanto, ele optou por buscar a reeleição para o Palácio dos Bandeirantes.
Auxiliares do governo afirmam que, com o ex-presidente preso e, consequentemente, politicamente enfraquecido, ele ainda pode reconsiderar sua decisão, dependendo das alianças formadas até a oficialização das candidaturas no próximo ano.
Divisões no grupo Bolsonaro
As tensões internas no clã Bolsonaro tornaram-se evidentes após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre pena de 27 anos e 3 meses por liderar um esquema golpista.
A discordância foi escancarada depois que a ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro, criticou a aproximação do diretório do PL no Ceará com Ciro Gomes (PSDB), durante um evento partidário em Fortaleza. Essa declaração contrastou com o aval que o ex-presidente havia dado para o apoio do partido a essa candidatura.
A discussão ganhou repercussão entre os filhos de Bolsonaro, com Flávio Bolsonaro repreendendo Michelle, seguido por críticas dos irmãos Carlos, Eduardo e Jair Renan.
A confirmação de Flávio Bolsonaro como candidato também evidenciou o racha na direita entre o bolsonarismo mais radical e a ala moderada.
Nas redes sociais, perfis alinhados ao ex-presidente celebraram a escolha, enquanto apoiadores de Tarcísio de Freitas demonstraram frustração, classificando a decisão como um erro estratégico.
A missão para 2026
Em mensagem nas redes sociais, Flávio Bolsonaro declarou aceitar a missão com grande responsabilidade, e destacou seu pai como a maior liderança política e moral do país.
Ele afirmou que continuará o projeto de nação iniciado pela família, enfatizando que não ficará inerte diante da perda da esperança das famílias e do enfraquecimento da democracia.
O anúncio confirmado pelo senador veio após a divulgação de que o ex-presidente havia comunicado sua decisão a aliados próximos.
Bolsonaro acredita que Flávio ganhará força ao assumir o papel de pré-candidato e intensificar suas viagens pelo país. Ele ainda acrescenta que o senador ajuda a manter a coesão do partido e conta com apoio do governador Cláudio Castro (PL) e do próprio Tarcísio de Freitas.
Dentro do círculo familiar, Flávio é visto como figura mais previsível e moderada em comparação aos irmãos Eduardo, Carlos e Jair Renan Bolsonaro.
Espera-se que Michelle Bolsonaro concorra ao Senado pelo Distrito Federal, enquanto um partido de centro deverá indicar o vice na chapa de Flávio Bolsonaro.

