Enviado presidencial da Rússia para a Síria, Lavrentyev disse que a “operação em si não resolveria problemas, e criaria novas ameaças à segurança da Turquia, porque tanto o Partido dos Trabalhadores do Curdistão quanto as Forças Democráticas da Síria não desaparecerão”.
Lavrentyev enfatizou que a possível operação militar pode aumentar os sentimentos separatistas entre os curdos, que podem tentar estabelecer o seu próprio Estado.
Do seu ponto de vista, tal cenário não está de acordo com os interesses da Turquia, Síria, Iraque e Irã, alguns dos principais atores políticos da região.
O diplomata enfatizou que a operação teria consequências negativas para toda a região do Oriente Médio e uma solução diplomática seria a melhor opção.
A Rússia espera que a Turquia se abstenha de realizar uma operação militar no norte da Síria, caso contrário, “pode haver confrontos entre as forças turcas e o Exército sírio”, disse ele à Sputnik.
“Ainda esperamos que o presidente [Recep Tayyip] Erdogan se abstenha de conduzir a operação, dada a postura negativa de quase todas as nações árabes”, disse Lavrentyev.
Ele acrescentou que a Rússia não tem planos de aumentar seu contingente na Síria em meio aos planos turcos.
Recentemente, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou que o Exército realizaria uma série de operações antiterroristas nas fronteiras do país e que Ancara tomaria a respetiva decisão em breve. Segundo os dados da mídia, as operações vão decorrer em quatro regiões sírias.
Aleksandr Lavrentyev explicou que Moscou busca convencer os curdos a se comprometerem com Damasco e se unirem, o que impedirá o desenvolvimento negativo da situação na Síria. Ao mesmo tempo, ele observou que a Turquia considera impossível negociar com os curdos sírios.
Com o apoio dos militares dos EUA, as formações curdas das Forças Democráticas da Síria, que se baseiam no Partido dos Trabalhadores do Curdistão (YPG), controlam a maior parte das províncias sírias de Al-Hasakeh e Raqqa, bem como alguns assentamentos nas províncias de Aleppo e Deir ez-Zor.
As forças dos EUA ocupam áreas ricas em petróleo e alimentos da Síria desde 2017, entrando no país sob o pretexto de combater o Daesh (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países).