Começou nesta terça-feira (23/9) a 80ª Assembleia Geral da ONU, realizada em Nova York, com as discussões centralizadas na situação da Palestina e no conflito na Faixa de Gaza, onde mais de 65 mil palestinos já perderam a vida.
Reconhecimento da Palestina
A maior parte das nações que fazem parte da Organização das Nações Unidas apoia a solução de dois Estados para o conflito entre israelenses e palestinos, e já reconhecem a Palestina oficialmente.
Até o momento, 151 países no mundo adotaram essa postura, incluindo o Brasil.
Apesar da pressão mundial, o governo de Israel tem dificultado o avanço da paz e rejeita a proposta da coexistência de dois Estados.
Antes mesmo do início da assembleia, esperava-se que o tema principal fosse esse, evidenciado pela declaração de diversos países, entre eles membros do G7, em apoio ao reconhecimento da Palestina.
Os países mais recentes a aderirem ao reconhecimento foram França, Mônaco, Luxemburgo, Bélgica, Malta e Andorra, durante uma conferência realizada em 22/9, a convite da França e da Arábia Saudita, que discutia a solução de dois Estados para o conflito.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), presidente do Brasil, esteve presente no encontro e denunciou Israel por genocídio contra o povo palestino, ressaltando que os atos terroristas do Hamas não justificam a “matança indiscriminada de civis”.
“Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças”, afirmou Lula. “Nada justifica destruir 90% dos lares palestinos, usar a fome como arma de guerra, nem alvejar pessoas famintas em busca de ajuda.”
Avanços rumo à paz
O movimento pela criação do Estado da Palestina ganhou impulso recentemente, inclusive de nações tradicionalmente aliadas a Israel, buscando aumentar a pressão pelo término do conflito na Faixa de Gaza.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, expressou satisfação com as recentes adesões internacionais ao reconhecimento da Palestina.
“Este é um momento histórico muito significativo para nós, um ato de justiça que levou mais de um século para acontecer”, declarou o diplomata. “Acompanhamos com grande contentamento a adesão de vários países.”
Resistência dos Estados Unidos e de Israel
Israel critica fortemente a pressão internacional decorrente do reconhecimento da Palestina, posicionando-se contra a iniciativa.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu qualificou a tentativa de solução pacífica como um “incentivo ao terrorismo” e reiterou seu compromisso em impedir os esforços para a constituição da Palestina, que ele define como um “Estado terrorista”.
Além disso, Netanyahu prometeu expandir os assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, uma ação considerada ilegal pela comunidade internacional e pelo direito internacional.
Paralelamente, os Estados Unidos também manifestaram oposição à medida pouco antes da Assembleia Geral da ONU começar.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou em 22/9 que o presidente americano na época, Donald Trump, havia deixado claro seu desacordo com essa decisão adotada por alguns países.
Tanto os EUA quanto Israel foram dois dos dez países que votaram contra uma proposta apresentada na ONU em julho deste ano, que visava uma solução pacífica para a guerra na Faixa de Gaza.
Denominada “Declaração de Nova York”, a proposta sugere a constituição de um governo livre do Hamas e o reconhecimento da Palestina como Estado baseado nas fronteiras de 1967.