Especialistas do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (OHCHR) condenaram os ataques recentes realizados pelos Estados Unidos contra embarcações no Caribe, classificando-os como “execuções extrajudiciais”. O comunicado foi divulgado na quarta-feira, dia 17 de setembro.
Segundo o documento, a campanha de Donald Trump contra os “narcoterroristas” viola tanto o direito à vida quanto o direito internacional.
“O direito internacional não autoriza que governos executem suspeitos de tráfico de drogas arbitrariamente. As atividades ilegais devem ser interrompidas, investigadas e julgadas conforme o Estado de Direito, inclusive com cooperação internacional”, afirmaram os especialistas da ONU.
No texto, o escritório de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas destacou que as normas internacionais não permitem “o uso unilateral da força em território estrangeiro para combater terrorismo ou tráfico de drogas”, como foi feito pelos EUA recentemente.
Ofensiva contra a Venezuela
Para a ONU, as alegações do governo Trump sobre ações do cartel venezuelano Tren de Aragua nos Estados Unidos carecem de provas concretas. Este grupo foi mencionado por Washington como parte da justificativa para a mobilização militar nas águas do Caribe, agora vigiadas por uma frota de navios de guerra americanos e caças F-35.
O comunicado também alerta para a ofensiva dos EUA contra o cartel de Los Soles, supostamente liderado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Segundo o OHCHR, as acusações contra o grupo e o líder chavista indicam a possibilidade de uso do poder militar norte-americano diretamente contra um governo estrangeiro.
Isso porque o Los Soles foi classificado recentemente por Washington como uma organização terrorista. A associação entre grupos de tráfico internacional de drogas e o terrorismo tem facilitado operações americanas em países terceiros.
Três embarcações destruídas
Desde o início da guerra contra o “narcoterrorismo” no Caribe, Trump anunciou a destruição de três embarcações na área, afirmando que transportavam drogas da Venezuela para os Estados Unidos.
Ao todo, Washington informou que 14 pessoas morreram nos ataques realizados pela frota militar que atua na costa venezuelana.
Até o momento, o governo dos EUA não forneceu detalhes adicionais sobre os barcos nem sobre a quantidade ou o tipo de entorpecentes que estariam sendo transportados.
