O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sinalizou que pode ser necessário pedir às distribuidoras de energia que reduzam a produção de usinas conectadas diretamente às suas redes, como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), além de usinas a biomassa, eólicas e solares de pequeno porte, no dia 25 de dezembro, Natal.
Os técnicos do ONS classificaram a situação como “estado de atenção”, um alerta amarelo que indica a possibilidade de ativação do Plano Emergencial de Gestão de Excedentes de Energia na Rede de Distribuição. A decisão final será tomada em 24 de dezembro.
Este plano foi desenvolvido recentemente para garantir maior segurança na operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) e assegurar o fornecimento de eletricidade, mesmo com o cenário atual de oferta excessiva de energia no Brasil.
A ação será adotada somente se o ONS perceber que as opções de controle junto às grandes usinas eólicas, solares e hidrelétricas não forem suficientes para equilibrar a rede.
Essa preocupação surgiu após o episódio do dia 10 de agosto, quando houve menor consumo devido a um feriado e condições climáticas que favoreceram a geração renovável, principalmente solar. O ONS precisou agir com rigor para manter o sistema estável, reduzindo a geração hidráulica e quase cortando completamente a produção eólica e solar centralizadas.
O foco do ONS e do Ministério de Minas e Energia agora está no comportamento do consumo de energia durante o período de festas de final de ano, quando muitas empresas fecham para férias e o consumo industrial cai, enquanto as usinas solares e eólicas continuam gerando energia conforme as condições naturais.
A previsão indica maior chance de ação do plano somente no dia 25, enquanto para os dias 24, 26 e 28 o risco é baixo. A situação para a semana do Ano Novo também será monitorada atentamente.
Política Operativa
O ONS trabalha para que as hidrelétricas operem de forma a garantir maior flexibilidade ao sistema. Por exemplo, na usina de Jupiá, o volume mínimo gerado foi reduzido e o reservatório de Pimental, em Belo Monte, foi ajustado para diminuir a geração durante o Natal.
Crescimento da carga de energia em janeiro de 2026
Para janeiro de 2026, a expectativa é que a demanda por energia elétrica no país atinja 84.582 megawatts médios (MWmed), aumentando 1,6% em comparação com o mesmo mês em 2025, conforme informou o ONS durante reunião do Programa Mensal de Operação (PMO).
Essa previsão está alinhada com a projeção feita no Planejamento Anual da Operação Energética (PLAN) para o período de 2026 a 2030, elaborado em conjunto pelo ONS, Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
Na região Sudeste/Centro-Oeste, que é o principal centro consumidor, a carga prevista é de 46.612 MWmed, uma queda de 1,1% em relação a janeiro de 2025, devido a temperaturas mais amenas previstas para esse mês.
No Sul, a carga estimada é de 15.097 MWmed, praticamente estável em relação ao ano anterior. No Nordeste, a previsão é de 14.341 MWmed, um aumento de 7,0%. Já no Norte, a demanda deve crescer 11,5%, alcançando 8.532 MWmed, influenciada pelo crescimento industrial e pela recente interligação do sistema de Roraima.
Previsão para fevereiro
Para fevereiro, não há mudanças na previsão de carga, que deve ficar em 89.158 MWmed no Sistema Interligado Nacional (SIN), um leve recuo de 0,1% comparado a fevereiro de 2025. O ano anterior teve demanda recorde por causa de ondas de calor.
Na região Sudeste/Centro-Oeste, a projeção mantém 89.158 MWmed, com recuo de 0,1%. No Sul, a estimativa é de 15.869 MWmed, queda de 5,6%. No Nordeste, deve subir para 14.510 MWmed, alta de 6,5%, e no Norte, para 8.549 MWmed, aumento de 10,8%.
Estadão Conteúdo

