Pesquisa aponta também que pessoas com o índice de massa corporal (IMC) acima de 30 correm 113% mais risco de internação
A obesidade aumenta o risco de morte em casos do novo coronavírus em quase 50%, segundo um estudo feito pela Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos Estados Unidos.
De acordo com os pesquisadores, pessoas com o índice de massa corporal (IMC) acima de 30 correm 113% mais risco de internação, 74% de serem internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e 48% mais risco de morte pela covid-19.
Isso acontece porque, segundo os cientistas, pessoas obesas têm mais probabilidade de ter hipertensão, doenças cardíacas, diabetes e problemas crônicos de rins e pulmão — condições consideradas fatores de risco para o SARS-CoV-2.
O metabolismo mais lento encontrado em quadros de obesidade também torna a resposta imune dos indivíduos mais complicada para certas infecções, como influenza, hepatites e o próprio coronavírus, uma vez que o soro glicosado descontrolado no organismo (comum em pacientes com hiperglicemia) pode prejudicar algumas funções celulares.
A obesidade também pode fazer com que as pessoas enfrentem maiores problemas físicos causados pela covid, como apneia do sono, que aumenta a hipertensão pulmonar, ou até mesmo prejudicar o momento de internação e intubação, uma vez que nem todos os hospitais estão preparados para lidar com pacientes obesos.
Para a coautora do estudo, Melinda Beck, isso não significa que uma vacina contra a covid-19 em obesos será ineficaz, apesar de pesquisas anteriores feitas pela professora apontarem que uma proteção contra a influenza não foi tão eficaz em pessoas obesas — o mesmo pode valer para a vacinação contra a pandemia atual. “A obesidade precisa ser considerada como uma das variáveis no momento dos testes”, explicou Beck em um comunicado publicado no site da universidade.
Uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde brasileiro apontou que cerca de 20% da população brasileira estava obesa em 2018 e 55,7% estavam acima do peso. O Brasil é o segundo país mais afetado pelo coronavírus, com 3.669.995 doentes, atrás somente dos Estados Unidos (5.781.834 de infectados), onde 40% da população tem algum grau de obesidade.
Barry Popkin, também coautor da pesquisa, acredita que esse é o momento ideal para os governos trabalharem em programas mais fortes de conscientização sobre essa condição de saúde.
Para ele, situações que aconteceram por conta da pandemia (home office, limitação de visitas sociais, alimentação excessiva e redução de atividades durante o dia-a-dia) podem afetar negativamente algumas pessoas, o que pode acabar fazendo com que mais indivíduos se tornem obesos e entrem para o grupo de risco da covid-19.