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sábado, 22/11/2025




O que vem nos arquivos de Epstein nos Estados Unidos

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A saga dos documentos relacionados ao criminoso sexual Jeffrey Epstein ganhou um novo capítulo recentemente, quando o Congresso dos Estados Unidos aprovou, com amplo apoio bipartidário, uma lei que obriga o Departamento de Justiça (DOJ) a revelar todos os arquivos do caso. A lei foi sancionada pelo presidente Donald Trump, que também aparece várias vezes nos documentos divulgados por deputados democratas.

A aprovação da lei abriu caminho para a liberação de uma grande quantidade de documentos federais acumulados durante mais de dez anos de investigações na Flórida e em Nova York. A legislação exige que o procurador-geral divulgue, em até 30 dias, todos os documentos, comunicações, registros bancários, entrevistas e materiais não confidenciais sobre Epstein, exceto em casos de restrições legais específicas.

Porém, uma nova apuração anunciada pelo governo Trump levantou dúvidas sobre a liberação completa dos documentos, pois pode ser usada para bloquear ou editar partes sensíveis dos arquivos. A procuradora-geral Pam Bondi afirmou ter pedido ao procurador federal Jay Clayton a abertura de uma investigação logo após Trump requerer investigações contra democratas e instituições financeiras ligadas ao caso Epstein.

Possíveis desdobramentos

Apesar da lei aprovada, parlamentares têm dúvidas se o Departamento de Justiça cumprirá o prazo de 30 dias para divulgar os documentos restantes. Os cenários possíveis incluem:

  • Divulgação completa com poucas alterações, o que é improvável;
  • Publicação com cortes significativos para proteger vítimas e testemunhas;
  • Alegação de que nova investigação impede a divulgação total;
  • Vazamentos internos caso o Departamento tente limitar o acesso ao material;
  • Uso político de atrasos, por parte de democratas e republicanos críticos a Trump.

Documentos já revelados

Nos últimos dias, o Comitê de Supervisão da Câmara dos Deputados tornou público mais de 20 mil páginas de e-mails e documentos do espólio de Epstein, entregues ao Congresso por meio de intimação. O material trouxe novos questionamentos sobre figuras públicas, incluindo Trump, com acusações, comentários pessoais, disputas políticas e episódios ainda sem total contexto.

Os e-mails inéditos, datados principalmente em 2017 e 2018, mostram que o financista se considerava “único capaz de derrubar” o atual presidente dos Estados Unidos, sem explicar o motivo da frase. As mensagens, liberadas após aprovação quase unânime do Congresso, incluem críticas diretas a Trump e menções a políticos brasileiros.

Entre os trechos divulgados, Epstein chama Trump de “completo maluco” e o descreve como “quase insano” numa conversa com Larry Summers. Em outro trecho, menciona ter “fotos de Donald e garotas de biquíni na minha cozinha” e sugere que uma ex-namorada teria sido “passada para Donald” nos anos 1990, sem apresentar provas.

A Casa Branca respondeu afirmando que os documentos “não provam absolutamente nada”.

Referências ao Brasil

Os arquivos também trazem menções ao Brasil. Um e-mail de 2018 relata: “Chomsky me ligou com Lula. Da prisão. Que mundo.” A Presidência negou qualquer contato entre Lula e Epstein. Outra mensagem cita brevemente Jair Bolsonaro como “o cara”, sem mais explicações.

Impactos políticos e divisão no Partido Republicano

A divulgação dos arquivos avançou graças a uma rara unidade bipartidária: foram 427 votos a favor e apenas 1 contra na Câmara, além de aprovação unânime no Senado. Trump sancionou o projeto sob pressão de parlamentares que afirmavam que ele tentava adiar a decisão ao máximo. Caso tivesse vetado, o Congresso tinha votos suficientes para derrubar o veto.

Pesquisas indicam que o caso já prejudicava a imagem do presidente, com 74% dos adultos americanos desaprovando sua atuação no assunto antes mesmo da nova liberação de documentos.

A divulgação já provocou consequências imediatas, como a renúncia de Larry Summers ao conselho da OpenAI após as novas revelações. A deputada democrata das Ilhas Virgens, Stacey Plaskett, foi questionada por mensagens trocadas com Epstein.

No Partido Republicano, figuras como Marjorie Taylor Greene e Thomas Massie exigem transparência total, enquanto aliados de Trump tentam protegê-lo.




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