Tecnologia que surgiu em 2009 têm aplicações que vão da proteção de dados pessoais a soluções para grandes movimentações logísticas
Um blockchain é uma rede digital descentralizada, distribuída, utilizada para registrar transações em muitos computadores simultaneamente. Seu objetivo é criar maior confiança e segurança para transações, agilidade e precisão nas informações. Além disso, confere a garantia – maior do que métodos tradicionais – de que os processos serão incorruptíveis.
Um blockchain é uma rede digital descentralizada, distribuída, utilizada para registrar transações em muitos computadores simultaneamente. Seu objetivo é criar maior confiança e segurança para transações, agilidade e precisão nas informações. Além disso, confere a garantia – maior do que métodos tradicionais – de que os processos serão incorruptíveis.
Identidade digital
Você sabia que fraudes geram perdas de US$ 18,5 bilhões por ano em todo o mundo? Em outras palavras, isso significa que, para cada US$ 3 gastos, US$ 1 é fraudado. Por esse motivo, a segurança digital é uma das principais preocupações de empresas de todos os tamanhos.
Esse é um importante ponto de discussão quando o assunto é blockchain. Os seus dados, hoje, são vendidos com a sua autorização, na maioria das vezes, sem que você saiba disso ou tenha autorizado de forma consciente. Na maioria das vezes, essa autorização está naqueles contratos longos em que clicamos apenas “Eu li e concordo”, sem realmente ler todo o conteúdo.
A tendência é que esse esquema seja transformado com o uso dos blockchain, misturando o uso de chaves públicas e particulares. Para entender melhor esses conceitos: uma chave pública representa como você é identificado na multidão (como um endereço de e-mail), e uma chave privada é como você expressa seu consentimento para interações digitais, como uma senha – a chave privada é conhecida apenas por você.
O uso de blockchains para a identidade digital ainda precisa ser trabalhado pensando também na LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). A LGPD é uma nova lei – construída com base na GDPR (General Data Privacy Regulation), da Europa -, que busca a transparência sobre a obtenção e uso de dados por organizações e empresas. Garante também o direito ao esquecimento. E é aqui que surge o ponto de choque.
É possível que blockchains e o direito ao esquecimento coexistam em redes descentralizadas? Afinal, a LGPD surgiu pensando em bases de dados centralizadas nas grandes corporações. Mas apagar informações em uma rede blockchain é tecnicamente impossível, já que em geral os próprios blockchains foram criados para impedir que as informações sejam deletadas ou alteradas.
Logística
O setor de logística e cadeia de suprimentos definitivamente é um dos que mais está investindo na tecnologia blockchain. Algumas empresas já oferecem soluções para atacadistas e compradores ao longo da cadeia de aquisições para verificar exatamente onde, quando e como os ingredientes para alimentos, produtos farmacêuticos, entre outros, foram produzidos.
Um exemplo brasileiro muito interessante é a startup Caipira Express, de Araxá (MG), que comercializa os famosos queijos mineiros da Serra da Canastra. A startup faz a certificação e a verificação da procedência de queijos, rastreando toda a cadeia de produção e distribuição com o uso da tecnologia blockchain e registrando um número de série e QR Code, vinculado à rede.
Esse é um caso de sucesso de pequena escala, obviamente, mas a tecnologia pode ser aplicada a produtos em cadeias de logística de maior escala dos grandes varejistas multinacionais, como o Walmart, que pretende aplicar o blockchain para rastrear a origem dos frutos do mar que comercializa em suas lojas.
Tokenização de produtos
Autenticar um produto físico exclusivo será um processo muito mais fácil com o uso de blockchain. Os tokens serão usados para integrar o mundo físico ao digital. Eles ajudarão na gestão da cadeia de suprimentos, na propriedade intelectual e na detecção de fraudes. Além disso, terão um importante papel na anti-falsificação de produtos de marcas registradas.
Pagamentos e transferências monetárias
Essa é uma das mais conhecidas aplicações do blockchain. E vamos além: essa aplicação pode ser benéfica inclusive para donos de pequenos negócios. Isso porque a tecnologia permite a transferência monetária de forma segura e direta para diversos lugares no mundo, de forma quase instantânea e com taxas menores, já que há menos intermediários no processo de pagamento.
Esse novo formato de pagamento representa uma ótima opção para agências de comunicação ou empresas que trabalham na área criativa ou de TI e que possuem diversos colaboradores espalhados pelo mundo, para fazer pagamentos de forma remota.
Prova de posse
Todos os dias, diamantes, carros, equipamentos agrícolas, máquinas industriais, equipamentos de engenharia pesada, obras de arte e muitos outros produtos de alto valor são vendidos e comprados ao redor do mundo, e a logística para envio é bastante complexa.
O blockchain também consegue modificar esse esquema. O registro de propriedade desses produtos é super importante, pois em alguns casos são bens que valem milhões e podem ser trocados ou perdidos no caminho para seus donos.
Imagine uma coleção particular de obras de Van Gogh que viaja o mundo. Elas podem ser trocadas por cópias falsificadas em uma das viagens a algum país. Para evitar esse problema, seria possível criar uma identificação específica para cada obra, registrá-la via blockchain e pronto: cada tela teria uma autenticação única e inalterável.
As aplicações são infinitas
Essas são apenas algumas das milhares de aplicações diferentes para a tecnologia blockchain. Ela já é utilizada em uma série de áreas, mas ainda há muitas funcionalidades para explorar.
O fato é que o blockchain permite uma proteção para relacionamentos digitais que até então era impossível de conseguir sem intermediários. Os dados estão sendo armazenados e assegurados de maneira diferente.
O blockchain permite uma transformação nas transações comerciais ao redor do mundo e cria um ambiente mais pacífico quanto à confiança e segurança física e digital. Essa nova forma de transacionar produtos e serviços está permitindo a automação de negociações locais e globais e ampliando a utilização de contratos inteligentes.