O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reúne ministros, membros das Forças Armadas e outras autoridades no desfile em comemoração ao 7 de Setembro, neste domingo (7/9), na Esplanada dos Ministérios. Em ano pré-eleitoral e sob o espectro do tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o ato assume um caráter mais político e pretende influenciar temas em análise no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal (STF).
Com o tema Brasil Soberano, o desfile cívico-militar deste ano será estruturado em três eixos: Brasil dos Brasileiros, que trata da defesa da soberania nacional; COP30 e Novo PAC; e Brasil do Futuro. Paralelamente, grupos de direita e esquerda se mobilizam nas ruas para defender, respectivamente, a soberania e a anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Essa movimentação ocorre em meio ao julgamento do ex-chefe do Executivo, acusado no STF de liderar uma suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo especialistas consultados, os atos do 7 de Setembro sinalizam o aquecimento para a disputa eleitoral vindoura, com potencial para beneficiar politicamente tanto Lula quanto Bolsonaro.
Brasil Soberano
- O desfile será na Esplanada dos Ministérios neste domingo, a partir das 9h;
- O evento terá três temas principais: Brasil dos Brasileiros; COP30 e Novo PAC; e Brasil do Futuro;
- Participarão comandantes das Forças Armadas, ministros e outras autoridades;
- Na noite anterior (6/9), Lula fará pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão.
Especialistas veem nos atos a oportunidade de influenciar a opinião pública e exercer pressão tanto sobre a Suprema Corte no julgamento de Bolsonaro quanto sobre o Congresso em relação à anistia.
O sucesso político de Lula, porém, dependerá da mobilização de seus apoiadores. Nesse sentido, Bolsonaro conta com vantagem, especialmente pelo respaldo de lideranças evangélicas.
“Bolsonaro tem uma maior capilaridade graças à mobilização da igreja evangélica, liderada por Silas Malafaia. Este grupo representa 30% do eleitorado e se diferencia dos católicos, espíritas e outras vertentes, pois o eleitorado evangélico é muito coeso, com uma hierarquia eclesiástica unificada em torno de uma pauta única”, avalia o cientista político André Rosa.
Para Paulo Ramirez, cientista político da ESPM, as manifestações do 7 de Setembro transformaram-se em ferramenta política para as eleições do próximo ano. Enquanto a direita alinhada a Bolsonaro busca se reerguer em meio a enfraquecimento, o líder do PL cumpre prisão domiciliar desde 4 de agosto e não poderá participar diretamente.
“O 7 de Setembro terá grande significado por representar a tentativa da esquerda de retomar as ruas e conquistar apoio popular. Simultaneamente, observa-se a declínio da direita, pois apoiar a anistia hoje é visto como ser contra o Brasil, contra a soberania e até favorável ao tarifaço de Trump. A disputa será acirrada para ver quem mobiliza mais pessoas nas ruas”, ressalta Ramirez.