Dois dias após a morte da soldado que estava na linha de frente do Comando Vermelho (CV) — executada com um tiro de fuzil na cabeça —, conseguimos uma mensagem que Penélope, conhecida como Japinha do CV, enviou para uma amiga durante o conflito entre facções e as forças de segurança no Rio de Janeiro, na terça-feira (28/10).
Na conversa via WhatsApp, Penélope inicia com um simples “oi” e faz uma chamada de vídeo que dura cerca de três minutos. Depois, escreve: “Oi. Não vamos ficar aqui não”. A amiga pergunta: “Acabou a operação já?”. Penélope responde: “Não. Eles estão aqui em cima da gente. A bala está voando. Helicóptero está aqui rodando”. Preocupada, a amiga pede: “Fica onde você está, para com a maluquice. Está seguro aí?”.
Penélope foi morta durante o confronto nos complexos do Alemão e da Penha, que cobrem 26 comunidades na zona norte do Rio de Janeiro, na terça-feira (28/10).
Antes da operação, uma foto mostrava a “musa do crime” com roupas táticas, rosto oculto e segurando um fuzil. Conhecida por mostrar armas e poses provocantes nas redes sociais, Penélope era uma figura de confiança dos líderes do tráfico. Ela protegia rotas de fuga e defendia pontos estratégicos de venda de drogas.
Familiares pediram que as imagens do corpo de Penélope não sejam divulgadas para evitar sofrimento.
No Twitter, um usuário lamentou sua morte, chamando-a de “menina linda, inteligente e incrível”. A irmã agradeceu pelas mensagens de apoio nas redes sociais.
O corpo de Penélope foi achado perto de um dos acessos principais da comunidade após horas de tiroteio intenso. Ela resistiu à abordagem, abriu fogo e foi fatalmente atingida na cabeça por um disparo de fuzil.
Durante o confronto, usava roupa camuflada e colete tático com espaço para carregadores de fuzil, mostrando seu papel ativo na linha de frente da facção.
Operação mais letal da história do estado
A morte de Penélope aconteceu na maior e mais intensa operação policial do estado.
O Palácio Guanabara informou que 2,5 mil agentes, entre Polícia Civil, Militar e unidades especiais, participaram da ação para conter o avanço do Comando Vermelho e desarticular sua base.
Moradores relataram uma madrugada de terror com helicópteros voando sobre as comunidades e blindados abrindo caminho pelas vielas.
O barulho de tiros e explosões durou até o amanhecer, especialmente em Grota, Fazendinha e Vila Cruzeiro.
Apesar do cerco, alguns criminosos escaparam por rotas alternativas.
As forças de segurança encontraram túneis e passagens camufladas entre casas e muros usados para fuga, lembrando a manobra vista há 15 anos na histórica invasão ao Alemão, em 2010.

