O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) enfrenta um isolamento rigoroso em meio a ações judiciais e restrições impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Enquanto isso, o centrão intensifica negociações para escolher um candidato forte para a eleição presidencial de 2026.
Em 26 de agosto, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, ordenou o aumento da segurança nas proximidades da residência do ex-presidente em Brasília, após um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), motivado por uma solicitação do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias. Essa medida visa impedir uma possível fuga de Bolsonaro, que está em prisão domiciliar e monitorado por tornozeleira eletrônica.
A Polícia Federal (PF) solicitou vigilância contínua dentro da casa do ex-presidente, pedido que aguarda decisão do ministro Moraes. Na última semana, a PF recomendou o indiciamento de Bolsonaro e seu filho Eduardo Bolsonaro por coação e tentativa de atrapalhar investigações ligadas à tentativa de golpe. Parte das provas inclui conversas e documentos, entre eles uma minuta de pedido de asilo ao presidente da Argentina, Javier Milei.
Além dos processos judiciais, mensagens divulgadas pela PF indicam divergências dentro da família Bolsonaro sobre quem será o sucessor político de Jair Bolsonaro.
Cerco judicial ao ex-presidente
Em novembro de 2024, a PF indiciou Bolsonaro por tentativas de golpe de Estado e ameaças à democracia. Em fevereiro de 2025, a PGR apresentou denúncia no STF contra ele por crimes como organização criminosa e dano a patrimônio cultural.
Bolsonaro se tornou réu em março, quando uma turma do STF aceitou a denúncia contra ele e outros acusados de integrar o núcleo da trama golpista. Em julho, o ministro Moraes aplicou medidas cautelares contra o ex-presidente por coação e atentado à soberania nacional, em procedimento separado da trama golpista.
Em agosto, Moraes determinou prisão domiciliar para Bolsonaro por violar medidas cautelares, após declarações feitas em manifestações de seus apoiadores.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) declarou Bolsonaro inelegível em duas ações distintas, incluindo abuso de poder político. A família dele esperava que algum membro, seja ex-primeira-dama ou um dos filhos, herdasse sua base política, mas essa possibilidade não é vista com bons olhos por lideranças da direita.
Três governadores se destacam
Durante a festa do Peão de Barretos, em São Paulo, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Romeu Zema (Novo-MG) demonstraram união e ambição, com Caiado afirmando que um deles pode chegar ao Palácio do Planalto.
Enquanto isso, Bolsonaro está afastado de eventos e sem poder articular com aliados devido à prisão domiciliar.
Indicações dentro do clã Bolsonaro
Bolsonaro já manifestou preferência por um nome da família para disputar a Presidência, caso se mantenha inelegível.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro aparece bem nas pesquisas, com baixa rejeição, mas pouca experiência política. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é outra opção que não tem avançado. Eduardo Bolsonaro tem demonstrado interesse pela candidatura e recentemente reclamou de sua exclusão de pesquisas presidenciais.
Eduardo está nos Estados Unidos desde março, buscando sanções contra supostas violações de direitos humanos no Brasil, mas enfrenta ação da PF que pode levar à sua prisão.
Movimentos políticos do centro
Com Bolsonaro isolado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem fortalecido alianças com políticos de centro-direita, incluindo integrantes do MDB, PSD e Republicanos, em busca de apoio para a eleição de 2026.
O cenário atual mostra a fragmentação da direita, com vários nomes postulando a candidatura presidencial, enquanto o campo da esquerda apoia unicamente Lula para o próximo mandato.