Esta manhã, as sirenes antiaéreas ressoaram em toda a Ucrânia
A Rússia lançou, nesta segunda-feira (5), uma nova série de mísseis contra a Ucrânia, causando novos cortes de energia e água em um país em plena crise energética, depois dos repetidos bombardeios de Moscou contra infraestruturas.
Os bombardeios ocorrem no mesmo dia da entrada em vigor de um mecanismo para limitar o preço do petróleo russo decidido pelos países ocidentais para privar Moscou dos recursos que obtém da venda de hidrocarbonetos.
Nesta segunda, o presidente russo, Vladimir Putin, apareceu na televisão ao volante de um carro circulando na ponte da Crimeia, parcialmente destruída por uma explosão em outubro e que conecta o território russo à península ucraniana anexada em 2014.
Esta manhã, as sirenes antiaéreas ressoaram em toda a Ucrânia.
“A Ucrânia sofre o oitavo ataque em massa de mísseis de um Estado terrorista. Infelizmente, já há danos à infraestrutura energética”, declarou a operadora ucraniana Ukrenerho, pedindo às pessoas que permaneçam “nos abrigos”.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, declarou que a defesa antiaérea do país “derrubou a maioria dos” mísseis russos.
De acordo com a Força Aérea ucraniana, mais de 60 dos 70 mísseis lançados por Moscou foram abatidos em pleno voo.
Há alguns meses, e após vários contratempos no terreno, o Exército russo multiplicou os ataques aéreos contra instalações energéticas ucranianas.
Grande parte da população civil só tem eletricidade algumas horas por dia.
Nesta segunda-feira, o chefe da administração militar de Kryvyi Rih (centro) disse que “uma parte da cidade está sem energia elétrica”.
Os operadores de Odessa (sudoeste) e Sumi (nordeste) informaram sobre cortes no abastecimento de água e eletricidade. Também não há luz em Mykolaiv, no sul do país, de acordo com o prefeito Oleksander Sienkevich.
O vice-chefe da administração presidencial, Kyrylo Tymochenko, declarou que os últimos bombardeios causaram pelo menos dois mortos e três feridos, incluindo uma criança.
Em visita a Kiev, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, escreveu no Twitter que precisou ir para um abrigo antibombas.
“É inacreditável que isso aconteça quase todos os dias”, lamentou.
No plano diplomático, nesta segunda-feira, entrou em vigor o teto imposto ao petróleo russo decidido pela União Europeia, os países do G7 e a Austrália, para prejudicar economicamente Moscou.
O mecanismo adotado prevê a venda de petróleo russo a um preço igual ou inferior a US$ 60 por barril.
“A economia da Federação da Rússia tem todas as capacidades necessárias para responder completamente às necessidades e requisitos da operação militar especial. Essas medidas não terão impacto”, comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à imprensa.
Moscou já “prepara” represálias a esta medida, acrescentou Peskov, sem dizer quais.
O Kremlin já alertou que não entregará petróleo aos países que adotarem o mecanismo, uma posição reiterada no domingo pelo vice-primeiro-ministro da Energia, Alexander Novak.
Em Borodianka, uma cidade a noroeste da capital Kiev, foram instaladas nas ruas grandes tendas equipadas com fogões a lenha para que as pessoas possam se aquecer ou cozinhar quando não tiverem eletricidade em suas casas.
“Os cortes de luz duram quatro horas, às vezes seis”, diz Serhiy, um morador local.
Ao lado dele, um homem barbudo corta a lenha com um machado, enquanto uma mulher prepara uma massa.
Serhiy teme apagões mais longos, que seriam “muito difíceis, especialmente para as crianças”.
O chefe de gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak, publicou no Twitter uma imagem de restos de foguetes e mísseis russos que caíram na segunda maior cidade da Ucrânia, Kharkiv (nordeste).
“Este é o cemitério de mísseis que caíram em Kharkiv. É apenas uma pequena amostra dos projéteis que a Rússia atirou no território ucraniano”, informou.
“Precisamos de uma solução para fechar o espaço aéreo”, insistiu.
Os combates também continuam no front.
O Exército ucraniano anunciou hoje que repeliu vários ataques nas últimas 24 horas, especialmente na região de Bakhmut (leste), onde as forças de Moscou estão na ofensiva.