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quarta-feira, 08/10/2025

Novo líder da Unesco aborda perda do apoio dos Estados Unidos

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O Conselho Executivo da Unesco nomeou, na segunda-feira (6/10), o egípcio Khaled El-Enany como novo diretor-geral da organização, em um momento delicado, marcado pela anunciada saída dos Estados Unidos. Ex-ministro do Turismo e das Antiguidades e egiptólogo de renome, El-Enany será o primeiro árabe e o segundo africano a liderar a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Ele concedeu uma entrevista exclusiva à RFI na terça-feira (7/10).

El-Enany foi eleito com 55 votos, enquanto o economista congolês Firmin Edouard Matoko teve apenas dois votos. Durante sua campanha, iniciada em 2023, o egípcio destacou sua experiência prática, atuando como pesquisador, diretor do Museu Egípcio do Cairo e ministro.

Para El-Enany, sua eleição simboliza o reconhecimento de uma trajetória dedicada à educação, ao ensino universitário, à pesquisa científica e à preservação do patrimônio cultural.

Aos 54 anos, ele assumiu a liderança da Unesco em um cenário repleto de desafios econômicos e políticos. Após a saída de Israel em 2017, a Nicarágua anunciou sua retirada em 2023 em protesto contra a concessão de um prêmio a um jornal opositor.

Os Estados Unidos também decidiram se retirar da organização, alegando um viés anti-israelense e apoio a causas sociais e culturais que dividem. Essa saída, prevista para o fim de 2026, representa a perda de cerca de 8% do orçamento da Unesco.

El-Enany indicou à RFI que trabalhará para incentivar o retorno dos Estados Unidos, como fez a sua antecessora Audrey Azoulay em 2023. Entretanto, ressaltou que não dependerá exclusivamente da ajuda americana para realizar sua missão. “Tenho experiência nessa área pois venho de um país com recursos limitados”, afirmou.

Ele destacou sua atuação com o setor privado, colaborando com grandes empresas para mobilizar recursos e firmar parcerias. “Com os Estados-membros, continuarei os esforços para tranquilizar antigos doadores e atrair novos governos, financiadores e o setor privado”, explicou. Ressaltou ainda que o setor privado é uma prioridade, mas sempre respeitando os valores da Unesco.

Questionado sobre críticas relacionadas à politização da organização, El-Enany foi enfático: “Meu papel é ser imparcial e não favorecer um grupo em detrimento de outro, nem uma cultura em detrimento de outra”. Ele lembrou que, apesar de ser o primeiro egípcio e árabe a liderar a Unesco, isso não orientará sua gestão.

El-Enany reafirmou sua visão para a organização: “Minha campanha teve como lema ‘a Unesco para os povos’. Quero uma Unesco que impacte a vida das pessoas, que seja reconhecida por elas para além do patrimônio cultural”.

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