A dor e o desconforto durante exames ginecológicos ainda são comuns entre muitas mulheres, principalmente devido ao uso do espéculo vaginal, um instrumento metálico ou plástico tradicional para inspeção do colo do útero.
Pesquisadores da Universidade Técnica de Delft, na Holanda, identificaram que cerca de 35% das mulheres sentem medo, vergonha ou dor ao passar por procedimentos com esse instrumento.
Com o intuito de melhorar essa experiência, a designer Ariadna Izcara Gual e a pesquisadora Tamara Hoveling, ambas da referida universidade, desenvolveram uma alternativa ao espéculo padrão, priorizando o conforto das pacientes e a sustentabilidade ambiental.
Chamada de Lilium, essa inovação traz um design ergonômico, utilizando materiais menos agressivos e que causam menor impacto emocional durante o exame.
Produzido com borracha TPV semiflexível, utilizada geralmente na área médica por sua facilidade de esterilização, o Lilium oferece resistência para manter as paredes vaginais abertas, além de flexibilidade para facilitar seu manejo.
O dispositivo possui duas partes: a primeira tem três pétalas que se abrem para expor o canal vaginal e o colo do útero, e a segunda é um tubo que aciona a abertura das pétalas de forma suave. Essa configuração lembra uma flor, ajudando a aliviar a tensão emocional do exame.
“O formato menos invasivo contribui para mudar a percepção sobre o exame ginecológico. A ideia é substituir a sensação fria e desconfortável do metal por uma experiência mais acolhedora,” afirma Ariadna em comunicado.
O Lilium visa aumentar a adesão aos exames preventivos, visto que o medo e o desconforto afastam muitas mulheres do acompanhamento regular, o que pode dificultar o diagnóstico precoce de doenças, como o câncer do colo do útero.
Relatos durante o desenvolvimento do novo espéculo indicam que muitas pacientes sentem dor tanto na inserção quanto na retirada do modelo tradicional. Além disso, o barulho do mecanismo e o visual metálico geram ansiedade.
O design inovador também facilita o trabalho dos profissionais de saúde, melhorando a visualização do colo uterino, especialmente em mulheres obesas, que apresentam limitações com o espéculo convencional.
Outro benefício é a eliminação da necessidade dos profissionais usarem os dedos para abrir as paredes vaginais durante o exame, recurso ainda necessário com o espéculo atual, proporcionando mais segurança, conforto e autoconfiança à paciente.