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sexta-feira, 05/12/2025

Novo decreto da Igreja Católica sobre sexo no casamento esclarecido

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Um recente decreto da Igreja Católica atualiza as diretrizes referentes às relações sexuais dentro do casamento para os 1,4 bilhão de católicos ao redor do mundo. O documento, aprovado pelo Papa Leão XIV, estabelece que as relações íntimas no matrimônio não devem estar limitadas apenas à procriação, mas constituem uma “união exclusiva do matrimônio”, fortalecendo a defesa da monogamia.

Assinado pelo Dicastério para a Doutrina da Fé (antigo Tribunal do Santo Ofício) e publicado originalmente em italiano no site oficial, o texto destaca que o contato sexual no casamento também tem o propósito de enriquecer e fortalecer o vínculo único e a sensação de pertencimento mútuo entre o homem e a mulher.

A nota doctrinal, divulgada pelo Vaticano, surgiu em grande parte devido aos desafios da poligamia na África — o continente com maior crescimento no número de católicos atualmente — onde, infelizmente, é comum que um homem possua mais de uma esposa, inclusive entre fiéis católicos.

No conteúdo, a monogamia é apresentada como a garantia de que a sexualidade se desenvolve no reconhecimento e respeito mútuo do parceiro com quem se compartilha toda a vida, e não como uma mera utilização. “A questão está profundamente ligada à finalidade unitiva da sexualidade, que vai além da procriação, contribuindo para fortalecer a união única e o sentimento de pertencimento mutável”, afirma a nota.

O documento aprofunda ainda o conceito de caridade conjugal, que se refere ao amor sobrenatural que eleva o laço matrimonial. “A caridade – incluindo a caridade conjugal – é uma união afetiva, entendida como algo maior do que simples sentimentos e desejos: envolve um vínculo profundo entre quem ama e a pessoa amada, na medida em que quem ama considera a pessoa amada como parte de si mesmo”.

O novo decreto também chama atenção para o problema da “busca excessiva por sexo”, alertando para os problemas recentes surgidos no contexto do individualismo consumista pós-moderno, que refletem uma busca descontrolada e exagerada pelo sexo ou a negação da finalidade procriativa da sexualidade.

O texto expressa preocupação com o enfraquecimento da “troca emocional” que deve existir em um relacionamento sexual matrimonial. “Uma característica das últimas décadas é a negação clara da finalidade unitiva da sexualidade e do casamento, devido à ansiedade constante, a busca incessante por tempo pessoal, a obsessão por viagens e exploração de novas experiências. Isso tem levado ao desaparecimento do desejo de troca emocional, não só no sexo, mas também no diálogo e na cooperação, considerando tudo isso como algo estressante”.

O documento enfatiza que a verdadeira caridade entre cônjuges envolve também a abertura à fertilidade, embora cada ato sexual não tenha obrigatoriamente que visar à concepção. A união sexual deve permanecer aberta à vida, mas sem que isso seja uma condição para todos os momentos íntimos.

Destacam-se três situações específicas: casais que não podem ter filhos por razões biológicas; casais que não têm a relação sexual com finalidade direta de reprodução; e o uso dos períodos naturais de infertilidade, que podem auxiliar tanto no planejamento familiar quanto na escolha dos melhores momentos para ter um filho. O texto ressalta que esses períodos podem fortalecer o afeto e a fidelidade entre os cônjuges, sendo uma expressão de amor genuíno.

Embora essa perspectiva não seja totalmente nova dentro da tradição católica, ganha destaque neste novo documento, que cita não só autoridades religiosas, mas também escritores como Pablo Neruda e Eugenio Montale, além das reflexões de Kierkegaard sobre o matrimônio. Essa abordagem contrasta com orientações antigas da Igreja, especialmente dos séculos XVI e XVII, que recomendavam uma contenção sexual mais rigorosa mesmo entre os casados.

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