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segunda-feira, 29/09/2025




Novo capítulo da guerra na Ucrânia após reunião da ONU com Zelensky, Trump e Lavrov

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A 80ª Assembleia da ONU apresentou um novo capítulo para o conflito na Ucrânia, após o discurso do presidente Volodymyr Zelensky, o encontro com Donald Trump e a participação de Sergey Lavrov como principal representante da diplomacia russa durante os debates. Em Nova York, encontros paralelos evidenciaram avanços na parceria entre Kiev e os EUA, além das críticas de Moscou à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e à União Europeia.

Trump e Zelensky se encontraram em 23 de setembro, em Nova York, marcando o quarto encontro desde o retorno do republicano à Casa Branca. Em meio ao impasse por um cessar-fogo duradouro e ao aumento das tensões entre a Otan e a Rússia, o presidente ucraniano destacou recentes avanços militares.

“Graças aos nossos soldados, esta chance existe, e vamos continuar até que a Rússia encerre esta guerra. Precisamos intensificar a pressão e as sanções, contando com o apoio dos Estados Unidos e da Europa”, afirmou o presidente ucraniano.

Trump reconheceu a resistência de Kiev: “Temos grande respeito pela luta da Ucrânia. Esta guerra deveria ter terminado em poucos dias, mas já dura mais de três anos, e a Rússia parece estagnada”.

O especialista em Direito Internacional Pablo Sukiennik analisou que Trump ajustou sua abordagem ao entender que a pressão não deveria se limitar a Kiev. Inicialmente, ele via Zelensky como um obstáculo para o fim do conflito, mas depois percebeu que a questão envolve também a Rússia. A mudança no discurso indica uma tentativa de pressionar Moscou, embora sem sucesso até o momento.

Sukiennik ainda destacou que os objetivos russos vão além da mera manutenção dos territórios no leste ucraniano, conforme indicam as repetidas rejeições de propostas de cessar-fogo feitas por Putin. “Perguntamos: o que realmente deseja Vladimir Putin?”, questiona o especialista.

Diplomacia em movimento

Após o encontro entre Trump e Zelensky, Lavrov se reuniu com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, também durante a Assembleia da ONU. Segundo o Ministério das Relações Exteriores da Rússia, trocaram impressões sobre o conflito e reafirmaram o interesse de buscar uma solução pacífica, com base nos entendimentos da cúpula bilateral em Anchorage, Alasca.

Lavrov declarou que Moscou está disposto a coordenar esforços para abordar as causas do conflito, mas criticou planos de Kiev e aliados europeus que visam prolongar a guerra. Já o Departamento de Estado sinalizou que Rubio solicitou o fim imediato dos atos violentos e que a Rússia adote medidas significativas para uma paz duradoura.

Rubio também reforçou a necessidade de os países da Otan estarem preparados para abater aeronaves russas em violação ao espaço aéreo, condicionando a ajuda dos EUA às circunstâncias do momento.

Sukiennik ressaltou que, embora os Estados Unidos tenham papel crucial, não são capazes de decidir sozinhos os rumos do conflito. “Trump deseja encerrar a guerra a qualquer custo, mas não consegue. Rússia, Ucrânia e União Europeia atuam com certa independência, limitando a influência americana”, concluiu.

Reação do Kremlin

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, reagiu ironicamente às declarações de Trump de que a Rússia seria um “tigre de papel”. “A Rússia é frequentemente associada a um urso, e não existem ursos de papel; a Rússia é um urso de verdade”, afirmou.

Apesar do diálogo diplomático, as negociações de paz permanecem estagnadas. Moscou insiste no reconhecimento das áreas ocupadas, incluindo a Crimeia, enquanto Kiev mantém que aceitará apenas um acordo que assegure a restauração completa de suas fronteiras.

Palavras de Zelensky na ONU

Em seu discurso na Assembleia Geral da ONU, Zelensky alertou para a “corrida armamentista mais destrutiva da história”, acusando a Rússia de expandir o conflito para além das fronteiras ucranianas.

“A Ucrânia foi apenas o começo. Drones russos já sobrevoam a Europa, e as operações se estendem a vários países. Putin busca ampliar esta guerra, e ninguém está seguro agora”, afirmou.

Zelensky também anunciou a exportação de armas ucranianas para países aliados, destacando que esses sistemas modernos foram testados em combate real, apesar das falhas das instituições internacionais. “Parar esta guerra é mais barato do que construir creches ou abrigos para infraestrutura crítica”, acrescentou.

Sukiennik reafirmou que, embora os EUA tenham papel central, Washington não controla o destino da guerra sozinho, visto que Rússia, Ucrânia e União Europeia possuem autonomia suficiente para limitar a influência americana.




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