Após a suspensão do aumento das passagens em fevereiro deste ano, as tarifas do transporte público nas cidades do entorno do Distrito Federal podem subir 2,91% a partir desta sexta-feira. A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) havia suspendido esse reajuste por seis meses, mas esse prazo termina no dia 22 de agosto.
Essa suspensão foi determinada pela Deliberação nº 86, de 22 de fevereiro de 2025, a pedido do Ministério dos Transportes. A intenção era dar tempo para criar um Consórcio Interfederativo entre a União, o estado de Goiás e o Distrito Federal. Esse consórcio tem como objetivo administrar de forma integrada o transporte público da região do entorno, além de subsidiar as tarifas. No entanto, até agora, não há data certa para a criação desse consórcio.
Ao Jornal de Brasília, a Secretaria de Estado do Entorno do Distrito Federal, em Goiás, informou que os governos de Goiás e DF enviaram ao governo federal uma proposta para formar esse consórcio, prevendo investimentos em infraestrutura e descontos nas tarifas. “Os documentos e protocolos já estão prontos em Goiás e no DF, faltando apenas um posicionamento oficial do governo federal, seja para participar ou delegar a gestão aos estados”, disseram.
O consórcio proposto prevê que a União, Goiás e o Distrito Federal dividam igualmente os custos. Os objetivos incluem gestão integrada do transporte semiurbano, redução das tarifas por meio de subsídios, equilíbrio financeiro dos contratos, implantação do bilhete único com integração tarifária, e investimentos em infraestrutura como BRTs, terminais e estações de integração.
Pábio Mossoró, secretário do Entorno em Goiás, destacou que o reajuste, apesar de parecer pequeno, terá grande impacto nas famílias e no mercado de trabalho. “O aumento de 2,91% pesa no orçamento das famílias e prejudica a contratação de trabalhadores do entorno, pois muitas empresas do DF evitam oferecer vale-transporte devido ao alto custo.”
Mossoró ressaltou ainda que os governos de Goiás e do DF estão empenhados em evitar o aumento e avançar na criação do consórcio. “O consórcio vai garantir tarifas mais justas, bilhete único e melhores condições de transporte para o entorno.”
Zeno Gonçalves, secretário de Transporte e Mobilidade do DF, também manifestou preocupação. “Esse aumento vai impactar no emprego, porque quando o vale-transporte sobe, muitos trabalhadores acabam perdendo seus empregos. Por isso, as tarifas do DF permanecem congeladas.”
Gonçalves explicou que ainda não há um comunicado oficial da ANTT confirmando o reajuste após o fim da suspensão nesta sexta-feira. A Agência informou que o tema segue em análise pela Diretoria Colegiada.
Ele espera que a ANTT prorrogue a suspensão, para que o consórcio seja formado logo. “Tanto o governo do DF quanto o de Goiás querem participar, mas aguardam a decisão do governo federal. Estamos conversando para evitar o aumento até que o consórcio seja formado.”
A reportagem tentou contato com o Ministério dos Transportes para entender por que o governo federal ainda não se manifestou sobre o consórcio, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.
Pessoas comentam
Júlia dos Santos, 18 anos, de Valparaíso de Goiás
“A passagem já é cara e vai ficar ainda pior. Vou ter que tirar dinheiro de outras necessidades para estudar. Alguns ônibus são novos, mas muitos são sujos e não tem botão para pedir parada. Também é importante que aumentem a frota, porque os ônibus vão sempre lotados.”
Delson Silva, 62, do Jardim Ingá (Luziânia-GO)
“Esse aumento vai impactar muito, vou ter que conversar com meu patrão para ver se ele arca com o aumento, mas muitos não aceitam, causando desemprego. O transporte do entorno tem deixado a desejar, os ônibus são velhos, sujos e sem ar-condicionado. O preço da passagem está alto para a qualidade oferecida.”
Cássia Souza, 51, de Valparaíso de Goiás
“Mesmo que aumentem a passagem, o número de ônibus continua baixo. Chego a esperar 40 minutos e vou em pé porque estão lotados. Para quem usa ônibus todo dia, esse aumento pesa muito. Será ruim para os trabalhadores do entorno, e os empresários não querem pagar o valor mais alto.”
Tarifas
Confira como são e como ficariam as tarifas com o reajuste de 2,91%:
- Cidade Ocidental: de R$ 5,75 a R$ 9,75 para R$ 5,95 a R$ 10,00;
- Cocalzinho (Girassol): de R$ 8,20 a R$ 10,95 para R$ 8,60 a R$ 11,45;
- Cristalina: tarifa única de R$ 11,30 para R$ 11,80;
- Formosa: tarifa única de R$ 7,80 para R$ 8,00;
- Luziânia: de R$ 7,75 a R$ 11,65 para R$ 7,95 a R$ 12,05;
- Novo Gama: de R$ 7,85 a R$ 11,70 para R$ 8,20 a R$ 12,05;
- Águas Lindas de Goiás: de R$ 5,15 a R$ 10,85 para R$ 5,40 a R$ 11,15;
- Padre Bernardo (inclui Monte Alto): de R$ 2,85 a R$ 9,85 para R$ 2,90 a R$ 10,10;
- Valparaíso de Goiás: de R$ 4,90 a R$ 8,85 para R$ 5,05 a R$ 9,15;
- Santo Antônio do Descoberto: de R$ 8,10 a R$ 10,20 para R$ 8,30 a R$ 10,45.