A pandemia da aids é uma das maiores crises de saúde da humanidade. Desde a identificação do vírus HIV em 1981, que foi oficialmente confirmado em 1983, aproximadamente 44 milhões de pessoas morreram no mundo.
Felizmente, o número de óbitos relacionados ao HIV tem caído graças a campanhas de prevenção e conscientização. De acordo com a Unaids, o maior número de mortes foi registrado em 2004, com 2,1 milhões, e em 2024 esse número caiu para 630 mil.
Um avanço recente veio do Hospital Universitário de Colônia, Alemanha, onde pesquisadores liderados por Florian Klein, diretor do Instituto de Virologia de Colônia, descobriram um anticorpo que pode ser crucial no combate ao HIV.
O grupo estudou amostras de sangue de 32 pessoas com HIV que tinham uma resposta eficaz de anticorpos contra o vírus sem tratamento. Mais de 800 anticorpos foram testados e um, chamado 04_A06, destacou-se por bloquear uma região onde o vírus se liga às células, impedindo sua multiplicação.
Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B. Quando eles detectam vírus, se transformam e liberam anticorpos como o 04_A06. Os cientistas decodificaram como esse anticorpo funciona para tentar reproduzi-lo em laboratório.
Em testes com camundongos, o anticorpo neutralizou a maioria das infecções por HIV. Foram testadas quase 340 variantes do vírus, incluindo as resistentes a outros anticorpos, e o 04_A06 neutralizou 98% dos casos, mostrando grande potencial.
Esse anticorpo pode ajudar pessoas já infectadas bloqueando o acesso do HIV às células e também pode agir na prevenção interceptando o vírus antes que ele infecte o corpo.
Embora não exista vacina contra o HIV, pesquisas com tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) estão em andamento para estimular o sistema imune a responder ao vírus. Os medicamentos profiláticos também são bastante usados, mas precisam ser tomados regularmente, enquanto o anticorpo 04_A06 poderia oferecer proteção por até seis meses.
Outros anticorpos com efeito similar foram encontrados, mas o 04_A06 é particularmente potente, o que reduz a necessidade de doses frequentes. Especialistas como Alexandra Trkola, da Universidade de Zurique, destacam o grande potencial deste anticorpo.
No entanto, para que o anticorpo seja usado na prática clínica, são necessários estudos para avaliar a dosagem, tolerância e eficácia em pessoas. Esse processo pode levar tempo, mas os resultados iniciais são animadores.
Essa descoberta representa uma esperança significativa na busca por tratamentos eficazes contra o HIV, podendo oferecer uma nova forma de proteção para milhões de pessoas.
