SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
As novas orientações da AHA (American Heart Association) para primeiros socorros e emergências cardíacas foram divulgadas em outubro, trazendo mudanças importantes na forma de agir diante do engasgo em adultos e crianças.
Essas recomendações, publicadas na revista Circulation, devem ser adotadas globalmente, incluindo no Brasil, segundo Agnaldo Piscopo, diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.
Principais mudanças
A principal alteração para casos de obstrução da via aérea por objeto estranho em adultos e crianças é a adoção de uma sequência que intercala golpes nas costas e compressões abdominais.
Agora, a abordagem começa com ciclos repetidos de cinco tapas firmes entre as escápulas, seguidos de cinco compressões abdominais, repetindo até que o objeto seja expelido, com a cabeça da pessoa inclinada para baixo.
Essa mudança ocorreu após estudos mostrarem que os golpes nas costas aumentam a chance de deslocar o corpo estranho antes das compressões abdominais. Se a pessoa perder a consciência, deve-se iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP) até a chegada de socorro especializado.
No caso dos bebês, as compressões abdominais são desaconselhadas para evitar lesões internas. Em vez disso, recomenda-se usar as compressões no peito com a base da mão ao invés da técnica tradicional com dois dedos.
Para bebês, os socorristas devem pressionar o esterno com a base de uma das mãos ou pela técnica dos dois polegares circundando o tórax, esta última considerada a melhor para alcançar profundidade adequada, conforme estudos simulados.
Agnaldo Piscopo ressalta que a técnica para desobstrução em bebês se aplica apenas para sólidos. Ele explica: “Crianças engasgadas com leite não devem ter a cabeça inclinada nem receber tapas nas costas. Deve-se segurá-las na altura dos olhos, observar se choram e dar cinco tapas suaves nas costas.”
Outra recomendação da nova diretriz é a importância de ensinar técnicas de ressuscitação para leigos desde a escola. As compressões torácicas feitas por pessoas comuns aumentam as chances de salvar vidas, assim como o uso rápido do desfibrilador. Quanto antes for aplicado o choque, maior a chance de sobrevivência, finaliza Piscopo.