Vários moradores de prédio no bairro do Bronx sofreram parada cardíaca, intoxicados pela fumaça que se espalhou por todos os pavimentos. Prefeito Eric Adams admite que incêndio é o mais mortífero em 30 anos
Nova York viveu, na manhã de ontem, momentos de horror. Pouco antes das 11h (13h em Brasília), o fogo e a fumaça começaram a se espalhar dentro de um prédio residencial de 19 andares e 120 apartamentos situado no bairro do Bronx. O incêndio deixou 19 mortos, incluindo nove crianças, e 63 feridos, dos quais 32 em estado gravíssimo.
Pelo menos 200 bombeiros foram mobilizados para responder rapidamente à tragédia e debelar as chamas. “Este é um momento horroroso e doloroso para a cidade de Nova York. O impacto do incêndio está trazendo dor e desespero à nossa metrópole”, lamentou o prefeito Eric Adams. “É um dos piores incêndios que testemunhamos em nossa cidade na era moderna”, acrescentou.
O fogo teve início em um apartamento duplex do segundo e terceiro andares. Como a porta da unidade tinha sido deixada aberta, a fumaça se espalhou para todos os outros pavimentos. Segundo a rede de TV CNN, os bombeiros foram surpreendidos por uma densa fumaça escura. Nas escadas do edifício e em todos os pavimentos, encontraram vítimas em parada cardíaca, provocada pela intoxicação. Entre os mortos, há uma criança de quatro anos.
“Estava um caos”, disse à agência France-Presse (AFP) George King, morador do prédio vizinho. “Vi a fumaça, havia muita gente em pânico. Você podia ver que ninguém queria pular do prédio. As pessoas agitavam os braços nas janelas.” O frio rigoroso dificultou o trabalho dos bombeiros, que demoraram mais de uma hora para apagar o fogo do imóvel construído em 1972.
Pânico
Em entrevista ao jornal New York Post, Cristal Díaz, 27 anos, moradora do 15º andar, contou que agarrou os primos, a tia e o cão de estimação quando percebeu o incêndio. “Ao beber café na sala, senti cheiro de fumaça. Começamos a molhar toalhas e a colocá-las nos vãos da portas. Não sabíamos o que fazer. Olhamos para as janelas e vimos os bombeiros descendo os corpos envoltos em cobertores”, relatou. Allany, 13 anos, sobrinha de Cristal, disse ter visto mães desmaiarem ao constatarem que os filhos tinham morrido. “Presenciamos um monte de corpos saindo. Alguns eram de meus colegas de infância”, lamentou.
Os feridos foram levados para cinco hospitais e muitos deles tiveram parada cardíaca e respiratória. Na noite de ontem, o prefeito Eric Adams explicou que o defeito em um aquecedor portátil causou a tragédia. Ao menos 25 janelas explodiram por causa do calor.
Na última quarta-feira, outro incêndio em um prédio da Filadélfia (leste) matou 12 moradores, incluindo oito crianças. Oito pessoas conseguiram escapar das chamas. Em dezembro de 2017, 12 pessoas, entre elas quatro menores, morreram em um incêndio também no Bronx, em Nova York — o fogo foi provocado por uma criança de três anos e meio que brincava com um fogão a gás.
No entanto, a pior tragédia a atingir o Bronx ocorreu na boate Happy Land, em 1990, quando 87 pessoas morreram. As chamas foram iniciadas por um homem, depois de uma briga com a namorada, que trabalhava na bilheteria. Ele despejou gasolina no local e ateou fogo.