Uma nova vacina desenvolvida com tecnologia de RNA mensageiro (mRNA) mostrou resultados promissores ao gerar anticorpos neutralizantes em 80% dos participantes em testes realizados com humanos e animais.
Publicado na revista Science Translational Medicine, o estudo destaca que a técnica usada na vacina é capaz de estimular fortemente a resposta imunológica, superando tentativas anteriores com baixa eficácia.
Como funcionam as vacinas de mRNA?
Vacinas baseadas em mRNA carregam uma cópia sintética das instruções genéticas necessárias para que o corpo produza uma proteína específica do vírus, sem conter o vírus ativo.
Ao entrar nas células, o mRNA orienta a formação da proteína viral, que por sua vez ativa o sistema imunológico, gerando anticorpos e células de defesa para combater o vírus real caso haja exposição futura.
Além de rápida e econômica, essa tecnologia não altera o DNA, pois o mRNA é temporário e eliminado após cumprir sua função.
Desafios no desenvolvimento da vacina contra HIV
O HIV apresenta uma estrutura complexa e altamente mutável, dificultando a criação de vacinas eficientes. Um dos principais desafios é o trímero do envelope viral, uma proteína da superfície do vírus que serve de alvo para os anticorpos.
Vacinas convencionais que exibem essa proteína de forma solúvel acabam expondo regiões que induzem a produção de anticorpos ineficazes.
Estratégia inovadora da nova vacina
Para contornar essa limitação, os cientistas desenvolveram duas versões da vacina: uma tradicional com proteína solúvel e outra que estimula o corpo a produzir a proteína já ligada à membrana celular, simulando melhor o vírus e evitando respostas imunológicas inadequadas.
Testes em animais indicaram que a vacina ligada à membrana teve desempenho superior. Em seguida, em ensaios clínicos com 108 voluntários, 80% dos que receberam essa versão desenvolveram anticorpos neutralizantes, enquanto a versão solúvel teve apenas 4% de resposta.
Os efeitos colaterais registrados foram leves na maioria dos casos, com destaque para um leve aumento de urticária em 6,5% dos participantes, sem ocorrências graves.
Perspectivas futuras
Os pesquisadores consideram que essa plataforma baseada no trímero ancorado à membrana é uma abordagem promissora para o desenvolvimento de uma vacina eficaz contra o HIV.
Além da eficácia observada, a tecnologia de mRNA pode oferecer vantagens como produção rápida e custos mais baixos, facilitando o acesso a essa potencial vacina no futuro.