A eleição de Rodrigo Paz encerrou quase vinte anos de governo de esquerda na Bolívia, sinalizando uma mudança significativa na direção política do país para a centro-direita. Com 58 anos, o novo presidente terá grandes desafios internos, como a crise econômica que afeta a Bolívia.
A vitória de Rodrigo Paz também altera o cenário político na América do Sul, adicionando um líder alinhado à direita. Apesar disso, especialistas dizem que sua posição política não implica necessariamente uma maior influência dos Estados Unidos na região.
Ele foi eleito no segundo turno contra o conservador Jorge Tuto Quiroga e assumirá o cargo em 8 de novembro. Desde a eleição, Paz tem manifestado intenções claras sobre a política externa, incluindo a intenção de restabelecer relações com os EUA após 17 anos de ruptura.
O governo dos Estados Unidos já havia indicado interesse em uma aproximação com a Bolívia, destacando a vitória de Paz como um momento histórico e uma oportunidade para fortalecer relações em áreas como imigração ilegal, investimentos bilaterais e segurança regional na luta contra o crime organizado.
Além disso, um comunicado conjunto de oito países destacou o apoio à estabilização econômica da Bolívia, um esforço importante devido à crise que perdura desde meados de 2023.
Interesses dos Estados Unidos na América Latina
Durante uma conversa telefônica com Rodrigo Paz, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ressaltou a importância de parcerias para combater o crime transnacional. Este discurso ocorre em meio a uma intensificação militar norte-americana na região, com possíveis operações terrestres relacionadas ao combate ao tráfico internacional.
Este movimento conta com o apoio de líderes conservadores na América Latina, como Javier Milei na Argentina, Daniel Noboa no Equador e Santiago Penã no Paraguai, que alinham suas políticas à dos Estados Unidos, especialmente no enfrentamento a grupos como o cartel de Los Soles.
No entanto, analistas aconselham cautela quanto ao alinhamento total de Paz com os planos militares norte-americanos, apontando que o novo presidente parece buscar um equilíbrio estratégico e pragmático.
Rodrigo Paz adotará uma abordagem pragmática e responsável, sugerindo que a reaproximação com os Estados Unidos será feita com autonomia. Ele também tem manifestado interesse em estreitar laços com blocos econômicos como os BRICS e o Mercosul.
Em entrevista à CNN, Paz indicou que sua política externa será inclusiva e pragmática, buscando cooperação com países vizinhos, independentemente da orientação política, com destaque para esforços de aproximação com Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai para superar desafios como a crise no abastecimento de combustíveis.
