Recentemente, o Conselho Nacional de Saúde (CNS) aprovou a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas com Doenças Reumáticas, por meio da Resolução 777. Essa política traz orientações para estados e municípios melhorarem o cuidado e a qualidade de vida de pacientes com doenças reumáticas, além de buscar reduzir os custos sociais e econômicos relacionados a essas condições.
José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), comenta que essa política abre caminho para a criação de um modelo que pode ser adotado em todo o Brasil, representando um passo inicial importante para aprimorar o atendimento dessas pessoas.
André Hayata, coordenador da Comissão de Políticas Públicas e Relações Institucionais da SBR, explica que o processo de elaboração dessa política envolveu diversos órgãos do governo e associações de pacientes, incluindo comunidades indígenas, quilombolas, presidiários e pessoas em situação vulnerável. O objetivo foi mapear toda a jornada do paciente, desde o atendimento básico até o especializado.
A política também aborda temas como o acesso a tratamentos e medicamentos, treino de profissionais da atenção primária por especialistas e o incentivo ao uso da telemedicina para levar atendimento a regiões com poucos especialistas. Algumas regiões do país enfrentam escassez de reumatologistas, principalmente fora das capitais, o que dificulta a assistência adequada.
Com a aprovação da nova política, espera-se que ela seja pactuada com o Ministério da Saúde e implementada na rede pública de saúde do país. No entanto, ainda há etapas importantes, como a definição de orçamento e a execução prática das ações previstas.
Doenças reumáticas
As doenças reumáticas afetam cerca de 7% da população brasileira e são uma das principais causas de afastamento do trabalho e aposentadoria precoce. Estima-se que mais de 15 milhões de brasileiros convivam com essas doenças, que incluem artrose, fibromialgia, osteoporose, gota, tendinite, bursite e artrite reumatoide, entre outros tipos.
Essas doenças atacam os ossos, articulações, músculos e outras estruturas do corpo, e em alguns casos afetam órgãos como rins, coração e pulmões.
Pacientes que convivem com essas condições muitas vezes enfrentam desafios no diagnóstico e no tratamento. Antonieta Muniz Alves dos Santos, que vive em Salvador e tem lúpus há 43 anos, relata ter passado por dificuldades até receber o diagnóstico correto. Ela destaca que, embora tenha tido muitas dores e limitações, atualmente sua doença está estável.
Angélica Santos da Nova, de Feira de Santana, Bahia, também tem lúpus e compartilha que o diagnóstico foi demorado e difícil devido à falta de conhecimento médico no passado. Ela reforça que, apesar de não haver cura, o tratamento adequado permite uma vida com qualidade.