As mudanças no clima não afetam só a natureza, mas também a saúde das pessoas. Eventos climáticos extremos e a poluição do ar podem prejudicar especialmente crianças, idosos, mulheres grávidas e recém-nascidos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Nesse contexto, surgiu a plataforma MAIS (Meio Ambiente e Impacto na Saúde), que será apresentada na COP30 pelo Einstein Hospital Israelita. A ferramenta está em desenvolvimento e vai reunir dados sobre clima, saúde e fatores socioeconômicos, além de conectar essas informações com pesquisas científicas sobre o tema.
O objetivo é oferecer uma visão unificada dos efeitos das mudanças do clima na saúde em níveis de país, estado e município. Isso ajudará a preparar melhor os sistemas de saúde e a tomar decisões baseadas em dados.
Sidney Klajner, presidente do Einstein, destaca que no Brasil faltam dados organizados sobre clima e saúde, o que dificulta o enfrentamento da crise climática.
Atualmente, o Brasil possui poucas estações meteorológicas e de qualidade do ar em comparação a outros países, o que limita os estudos científicos sobre a relação entre clima e saúde. Conhecer esses impactos é fundamental para planejar respostas eficazes e proteger principalmente as populações mais vulneráveis.
A plataforma identificará lacunas nos dados e conhecimentos, orientando futuras pesquisas e investimentos em monitoramento ambiental e de saúde.
Como funcionará a plataforma?
A MAIS vai integrar dados públicos sobre condições ambientais como calor, temperatura, umidade e poluição do ar, junto a informações de saúde de municípios brasileiros, como casos de doenças, internações e mortes. Tudo será apresentado em uma interface interativa que mostrará dados de mais de 5.500 municípios.
Sidney Klajner explica que o Brasil possui grande diversidade regional, com diferenças significativas no clima e nos hábitos das populações, o que influencia os efeitos das mudanças climáticas na saúde.
Principais dados usados na plataforma
- Ambientais: temperatura, poluição, umidade e precipitação;
- Saúde: internações, mortes e notificações de doenças respiratórias e cardíacas;
- Socioeconômicos: indicadores de vulnerabilidade, desigualdade e infraestrutura de saúde.
O intuito é reunir dados dispersos e informações científicas para criar uma visão integrada da saúde local, permitindo comparar indicadores entre municípios, estados e o país, identificar tendências e correlações, como o aumento de mortes por doenças cardíacas ligado à elevação da temperatura.
Sidney Klajner afirma que ter esses indicadores integrados permitirá que o sistema de saúde se prepare melhor para os impactos climáticos e minimize os efeitos na população.
Efeitos das mudanças do clima na saúde
Estudos científicos mostram que as mudanças climáticas podem causar problemas graves à saúde, principalmente para mulheres grávidas, recém-nascidos, crianças e idosos.
Por exemplo, as ondas de calor aumentam o risco de nascimento prematuro e morte infantil. Cada aumento de 1 °C da temperatura mínima diária acima de 23,9 °C eleva o risco de mortalidade infantil em até 22,4%.
Além disso, o calor extremo está ligado a maior risco de ataques cardíacos e problemas respiratórios em pessoas idosas. As mudanças do clima também agravam doenças infecciosas, deficiências nutricionais e impactos na saúde mental.
