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quinta-feira, 07/08/2025

Nova pesquisa associa baixa de lítio no cérebro ao Alzheimer

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Um estudo realizado por cientistas da Escola Médica de Harvard indica que a diminuição dos níveis de lítio no cérebro pode ser um dos primeiros sinais do Alzheimer. A pesquisa foi publicada na revista Nature em 6 de agosto.

O lítio, um mineral essencial encontrado naturalmente em pequenas quantidades no corpo, desempenha um papel importante para o funcionamento cerebral. Agora, pesquisadores apontam que ele também pode ajudar a proteger contra a demência.

O que é Alzheimer?

O Alzheimer é uma enfermidade que afeta gradualmente o cérebro, prejudicando a memória e outras funções cognitivas. Embora sua causa exata ainda seja desconhecida, acredita-se que fatores genéticos possam estar envolvidos.

É a forma mais comum de demência em idosos, representando mais da metade dos casos no Brasil, segundo o Ministério da Saúde. Inicialmente, o sintoma mais frequente é a perda da memória recente. Com o avanço da doença, surgem dificuldades para lembrar fatos antigos, confusões quanto a horários e locais, irritabilidade, alterações na fala e na comunicação.

Ao longo de uma década, a equipe analisou tecidos cerebrais humanos, amostras sanguíneas e realizou testes com camundongos para compreender a origem da doença. Os resultados sugerem que a queda do lítio pode estar ligada ao progresso do Alzheimer.

Bruce Yankner, geneticista e coordenador da pesquisa, afirmou: “É uma nova perspectiva para entender a doença. A deficiência de lítio parece ser um componente essencial que faltava para explicar o Alzheimer”.

Os cientistas descobriram que o lítio ajuda a proteger as células cerebrais. Quando seus níveis diminuem, essa proteção enfraquece, deixando o tecido cerebral mais vulnerável aos danos causados pela enfermidade.

Relação entre lítio e Alzheimer

A pesquisa revelou que o lítio começa a desaparecer nas fases iniciais do Alzheimer, pois ele se liga às placas de beta-amiloide, um dos principais sinais da doença. Ao se conectar a essas placas, o lítio perde a capacidade de proteger o cérebro.

Em experimentos com camundongos, a redução do lítio acelerou a perda da memória. Contudo, ao serem tratados com um composto chamado orotato de lítio, a memória dos animais foi recuperada. Esse composto não se liga às placas e mostrou eficácia em doses muito baixas, sem causar toxicidade.

Bruce Yankner explicou: “Conseguimos reverter os danos em modelos animais sem os efeitos colaterais dos tratamentos convencionais com lítio em altas doses”. Atualmente, o lítio é utilizado para tratar transtorno bipolar em doses maiores, com risco de toxicidade, principalmente em idosos.

Possível avanço no tratamento

Essa descoberta abre caminho para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e diagnóstico precoce. Monitorar os níveis de lítio pode ajudar a identificar a doença antes do surgimento dos sintomas. Além disso, compostos que não se ligam às placas podem representar uma nova forma de proteger o cérebro.

Os autores destacam que compreender o papel do lítio ajuda a explicar por que algumas pessoas desenvolvem Alzheimer mesmo sem forte predisposição genética, enquanto outras permanecem cognitivamente saudáveis apesar da presença das placas.

Bruce Yankner conclui: “Embora ainda seja cedo para tratamentos em humanos, os resultados são promissores e merecem cautela e atenção”.

Os próximos passos incluem testar o orotato de lítio em ensaios clínicos com pessoas, o que poderá abrir uma nova possibilidade no combate ao Alzheimer.

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