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sábado, 27/09/2025

Nova onda de concessões aumenta competição por trabalhadores no setor rodoviário

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Uma nova fase de concessões de rodovias no Brasil, com o maior número de leilões dos últimos 17 anos, está provocando uma grande disputa por profissionais qualificados. O crescimento rápido dos projetos, junto com a diminuição da formação de novos especialistas, tem feito com que as empresas adotem várias soluções, incluindo investimentos em tecnologia e programas de capacitação e retenção de pessoal.

Entre 2015 e 2018, durante um período difícil marcado pela Operação Lava Jato e crises econômicas, o Brasil realizou apenas dois leilões de rodovias federais. Já entre 2019 e 2022, esse número foi de sete leilões.

De 2023 a 2025, o total subiu para 16 concessões, e o governo pretende entregar 35 até o fim do mandato atual. Em 2024, sete leilões foram realizados, o maior número em quase duas décadas. Além disso, projetos estaduais também têm avançado.

De acordo com Ronei Glanzmann, CEO da MoveInfra, o crescimento mostra mais maturidade do setor, mas trouxe desafios como a falta de profissionais qualificados para executar os projetos.

“Há dinheiro disponível, contratos atrativos e leilões contínuos, mas precisamos colocar os projetos em prática e enfrentamos a escassez de mão de obra”, comenta Glanzmann, que representa os seis maiores grupos de infraestrutura do país.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que o Brasil precisa de 75 mil engenheiros, mas o país forma apenas cerca de 40 mil anualmente. Em comparação, outros países do Brics, como Rússia e China, possuem muito mais graduandos em engenharia, segundo o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea).

Roberto Paolini, diretor executivo de Pessoas e Organização da Arteris, explica que após a Lava Jato, várias construtoras fecharam ou mudaram, e as novas gerações têm buscado áreas como tecnologia e inteligência artificial por serem mais atrativas. Ainda assim, a engenharia tradicional, que envolve projetar e construir, continua sendo essencial.

A disputa por poucos profissionais ocorre com outros setores, como a construção civil, que também tem crescido com o apoio do governo. Segundo Thiago Araújo, sócio do escritório Bocater Advogados, os desafios incluem a complexidade do trabalho de engenharia e salários iniciais baixos, que desestimulam a carreira. Atualizar os cursos e melhorar as oportunidades no mercado são necessários para mudar esse cenário.

Estratégias

Uma das estratégias da EcoRodovias para atrair e reter profissionais é contratar pessoas próximas ao local de trabalho, gerando mais apego e permanência, afirma Filippo Chiariello, diretor de engenharia da empresa.

A empresa também valoriza um bom ambiente de trabalho e utiliza tecnologia para diminuir a necessidade de profissionais altamente especializados. Chiariello comenta que a engenharia digital facilita o trabalho de vários profissionais.

A Motiva (ex-CCR) investe em inovação para reduzir mão de obra em canteiros e melhorar as condições laborais. Segundo Danila Cardoso, diretora de Pessoas, a empresa contratou quase 500 engenheiros em 2024 e ainda tem cerca de 80 vagas abertas.

Para atender à demanda, a Motiva faz parcerias com universidades e cria programas de mentoria, além de planejar uma escola própria de engenharia focada no aprimoramento dos funcionários, comenta Danila.

A Arteris também investe em capacitação e clima organizacional para manter os talentos, conforme aponta Paolini. A empresa desenvolve programas com instituições reconhecidas para qualificar lideranças e técnicos.

Para evitar que concorrentes ‘roubem’ seus profissionais, a Arteris criou seus próprios cursos de capacitação. Porém, Paolini alerta que a falta de mão de obra faz subir os salários e pode acelerar promoções, o que compromete a qualidade dos projetos.

Essas ações mostram que o setor rodoviário enfrenta um momento de grande crescimento, mas precisa superar o desafio da escassez de profissionais qualificados para garantir a execução eficiente dos projetos.

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