SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Pesquisadores do Instituto de Câncer do Reino Unido desenvolveram uma nova injeção que pode ser uma opção eficaz para pacientes com câncer na cabeça e pescoço, especialmente aqueles que não respondem bem aos tratamentos tradicionais. Os primeiros resultados foram apresentados no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO) 2025 e mostram avanços importantes.
Conhecida como “injeção inteligente”, a aplicação subcutânea do medicamento amivantamabe tem mostrado benefícios para pacientes cujo câncer continuou a se desenvolver após quimioterapia e imunoterapia.
O estudo clínico (fase Ib/2, OrigAMI-4) revelado no congresso indicou que 76% dos pacientes com carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço (o tipo mais comum de câncer nessa região) tiveram sua doença estabilizada ou reduzida. Esse câncer é o sexto mais comum no mundo, com cerca de 890 mil novos casos por ano.
Além dos fatores tradicionais como álcool e tabaco, outros riscos para esse câncer incluem infecção pelo vírus HPV, má higiene bucal e alimentação inadequada.
O ensaio envolveu 55 centros em 11 países e mostrou que o tempo médio sem progressão da doença foi de 6,8 meses, com resposta ao tratamento ocorrendo em cerca de seis meses.
Kevin Harrington, um dos principais pesquisadores, afirmou que “estes resultados mostram uma das respostas mais animadoras em um cenário difícil, com possibilidade de aumentar significativamente o tempo que os pacientes vivem sem piora da doença”. Ele ressaltou que isso pode mudar a forma como o câncer de cabeça e pescoço é tratado, não somente em eficácia, mas também no cuidado ao paciente.
O amivantamabe, criado pela farmacêutica Johnson & Johnson, é um anticorpo monoclonal especial que bloqueia duas vias principais usadas pelo câncer para crescer e também ativa o sistema imunológico contra as células tumorais. Harrington destacou que o medicamento é “inteligente”, pois atua em diferentes frentes para combater o câncer.
Este medicamento já é aprovado para um tipo específico de câncer de pulmão e pode ter potencial para tratar outros tipos, como câncer colorretal.
Com base nesses resultados, a Johnson & Johnson está iniciando um novo estudo de fase 3 chamado OrigAMI-5 para explorar o uso do amivantamabe em outros tumores. Atualmente, o medicamento ainda não foi aprovado para uso comercial no Brasil.
Além da eficácia, o tratamento foi bem tolerado pelos pacientes e o modo de aplicação subcutânea ajudou a melhorar a qualidade de vida durante o tratamento.
Outro estudo apresentado no mesmo congresso pela Fulgent Genetics testou um novo medicamento chamado FID-007 combinado com cetuximabe para o mesmo tipo de câncer. Essa combinação, que usa nanopartículas para melhorar a entrega do quimioterápico paclitaxel, mostrou uma taxa de resposta geral de 51% e um tempo médio de 7,8 meses sem progressão da doença entre 39 pacientes avaliados.
O perfil de segurança também foi positivo, com apenas 6% dos pacientes apresentando efeitos colaterais graves relacionados ao tratamento.