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quarta-feira, 27/08/2025

Nova injeção contra HIV já está disponível no Brasil

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São Paulo, 27 – Desde esta segunda-feira, 25, o cabotegravir, um medicamento injetável de longa duração para prevenir o HIV, começou a ser comercializado na rede privada do Brasil. Conhecido como Apretude, ele é aplicado a cada dois meses e pode ser uma opção mais prática e eficiente em comparação à profilaxia oral (PrEP), que exige o uso diário de comprimidos.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de mil novos casos de HIV foram registrados em 2023 e, nos próximos dez anos, o Brasil pode ter pelo menos 600 mil novos casos, mesmo com a PrEP oral disponível.

Porém, um estudo publicado em dezembro de 2024 no periódico Value in Health mostra que o cabotegravir poderia prevenir cerca de 385 mil casos, gerando uma economia estimada de R$ 14 bilhões em custos de tratamento.

Para quem é indicado

Este medicamento injetável é indicado para adultos e adolescentes a partir de 12 anos, que pesem pelo menos 35 kg, e que estejam em risco de contrair HIV sexualmente, desde que o teste de HIV seja negativo antes do início do tratamento.

A aplicação é realizada por profissional de saúde, com uma injeção intramuscular única de 600 mg nas nádegas a cada dois meses, após duas doses iniciais aplicadas com intervalo de um mês.

O cabotegravir atua bloqueando a replicação do vírus, impedindo que o material genético do HIV se integre às células do sistema imunológico, etapa essencial para a infecção crônica pelo vírus.

Alexandre Naime Barbosa, chefe do Departamento de Infectologia da Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia, acredita que o lançamento do cabotegravir representa um avanço importante no combate ao HIV.

Ele destaca que a aplicação a cada dois meses facilita a adesão ao tratamento. “Na África, por exemplo, muitas mulheres não usam a PrEP oral por preconceito dos parceiros que descartam os comprimidos. O uso do cabotegravir é mais eficaz especialmente para quem tem dificuldade em tomar as pílulas diariamente”, explica.

Alexandre ainda aponta que o medicamento traz três vantagens: maior eficácia, mais comodidade e ampliação da cobertura da prevenção. “A PrEP oral continua válida, mas o cabotegravir oferece uma importante alternativa.”

Uma pesquisa no Brasil com jovens entre 18 e 29 anos mostrou preferência pela PrEP injetável: 83% dos participantes escolheram essa forma. Em outro estudo com adolescentes de 15 a 19 anos, os principais motivos foram não precisar tomar comprimidos diariamente nem carregar medicação. Entre os que optaram inicialmente pela PrEP oral, 14% mudaram para a injetável.

Além disso, dois ensaios clínicos com mais de 7.700 participantes de 13 países foram interrompidos antecipadamente por um conselho independente pela superioridade do cabotegravir em relação aos comprimidos diários na prevenção do HIV em homens que fazem sexo com homens, mulheres transgênero e mulheres cisgênero com maior risco.

Rodrigo Zilli, diretor médico da GSK/ViiV Healthcare, fabricante do medicamento, afirma que o cabotegravir é um marco no Brasil. “Além de estar disponível no mercado privado, nosso foco é oferecer o remédio no SUS, pois acreditamos que ele pode ampliar o acesso à prevenção e ajudar na meta da UNAIDS de acabar com a epidemia até 2030”, destaca.

O custo aproximado da dose é de R$ 4 mil, podendo variar conforme o local de compra, região e serviço de aplicação. O cabotegravir é distribuído pela Oncoprod e pode ser encontrado em clínicas e farmácias, com opção de entrega direta para o usuário.

Estadão Conteúdo

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