As descobertas recentes sobre o medicamento lenacapavir apresentam uma nova esperança na luta contra o HIV, uma doença que afeta pessoas em todo o mundo há décadas. Este medicamento injetável, administrado a cada seis meses, mostrou uma eficácia igual ou superior a 99% na prevenção do vírus, comparado aos comprimidos diários usados atualmente na profilaxia pré-exposição (PrEP).
No entanto, o custo elevado do lenacapavir tem sido um obstáculo para sua ampla utilização. Uma análise publicada na revista The Lancet sugere que o preço poderia ser reduzido em até mil vezes, tornando o tratamento mais acessível globalmente.
O que é o HIV e como ele difere da aids?
O vírus da imunodeficiência humana (HIV) ataca o sistema imunológico, e quando não tratado pode evoluir para a aids, a fase mais grave da infecção. Embora ainda não exista uma cura para a aids, o tratamento antirretroviral permite que pessoas com HIV vivam vidas longas e saudáveis, controlando a infecção e reduzindo a carga viral a níveis indetectáveis, eliminando assim o risco de transmissão.
O HIV é transmitido por fluidos corporais em situações como relações sexuais sem proteção, uso compartilhado de seringas e transmissão de mãe para filho durante o parto sem assistência adequada. Contatos como beijos e suor, inclusive sexo com preservativo, não transmitem o vírus.
Como funciona o tratamento com lenacapavir?
Andrew Hill, pesquisador da Universidade de Liverpool e líder do grupo de estudo, destaca que duas doses do lenacapavir por ano poderiam custar apenas cerca de US$ 25, muito abaixo dos US$ 24,9 mil atualmente cobrados. Essa redução de custos poderia permitir a eliminação virtual das novas infecções por HIV, desde que o medicamento seja amplamente disponível.
O lenacapavir não é uma vacina, mas um medicamento antirretroviral que impede que o vírus se instale no organismo após a exposição. Sua aplicação semestral, que pode ser feita em farmácias, facilita o acesso e o uso em larga escala, diferentemente dos comprimidos diários da PrEP.
Produção em escala e acessibilidade
Com a produção em massa e a remoção das taxas associadas à patente, pesquisadores acreditam que o medicamento pode alcançar milhões de pessoas a preço acessível. A farmacêutica que detém a patente, Gilead, já concedeu licenças para fabricantes de genéricos em países de baixa renda, especialmente na África.
Especialistas como o epidemiologista Andrew Grulich alertam que os tratamentos preventivos devem ser acessíveis, sem que sejam tratados como terapias de luxo. Hill ressalta que, sem preços acessíveis, esse avanço pode se transformar em uma tragédia para a saúde pública, ao invés de um sucesso.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece testes rápidos e tratamento preventivo, e é importante que as pessoas busquem informação para verificar se se enquadram na indicação para uso da PrEP ou futuros tratamentos.