A relação entre os Estados Unidos e o Brasil está vivendo um momento de tensão acentuada. Na última segunda-feira (15/9), o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, fez uma declaração que indica que a condenação do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ultrapassou os limites internos do Brasil e agora impacta diretamente as relações diplomáticas entre os dois países.
Marco Rubio prometeu que Washington responderá em breve, possivelmente na próxima semana, mostrando que o julgamento de Bolsonaro virou um ponto central em uma disputa diplomática mais ampla com o governo brasileiro.
De acordo com Rubio, o Estado de Direito no Brasil está se fragmentando, e ele classificou a decisão da Primeira Turma do STF, que condenou Bolsonaro a 27 anos e três meses por crimes contra a democracia, como parte de uma campanha judicial opressiva.
O secretário acusou especificamente o ministro Alexandre de Moraes de perseguição política, inclusive de ameaçar cidadãos americanos por atividades online, afirmando que os EUA darão uma resposta a essas ações.
Desde o início do julgamento, a diplomacia alinhada com Donald Trump tem adotado um tom crítico. Rubio já havia tachado Moraes como um violador dos direitos humanos, suspendendo seu visto e dos seus familiares nos Estados Unidos, e outros membros do Departamento de Estado também manifestaram críticas duras.
O vice-secretário Christopher Landau descreveu a decisão do STF como algo que colocou as relações bilaterais no ponto mais crítico em dois séculos, e o subsecretário Darren Beattie chamou a condenação de Bolsonaro de censura, prometendo que os EUA tratarão o assunto com seriedade máxima.
No Congresso dos EUA, aliados republicanos, como o deputado Rich McCormick, apoiaram medidas contra os ministros do Supremo e expressaram solidariedade ao povo brasileiro.
Após a condenação, Marco Rubio voltou a afirmar que os Estados Unidos responderão adequadamente a essa perseguição judicial contra Bolsonaro. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil declarou que ameaças externas não intimidarão a democracia brasileira e o país continuará a defender sua soberania contra qualquer interferência.
Existe ainda o risco de sanções adicionais contra o Brasil. Atualmente, os produtos brasileiros sofrem uma tarifa de 50% para entrar nos EUA, e embora alguns produtos tenham visto a tarifa reduzida, a Casa Branca mantém a possibilidade de endurecer as políticas comerciais. Além disso, autoridades brasileiras envolvidas no julgamento já enfrentam sanções individuais nos EUA.
O deputado Eduardo Bolsonaro tem buscado apoio internacional junto a membros do governo Trump e congressistas republicanos para pressionar contra o que chamam de perseguições judiciais no Brasil, reforçando a expectativa de escalada da crise diplomática.
A tensão diplomática entre os dois países alcança seu ponto mais alto desde o início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em meio a isso, o ex-presidente Donald Trump adotou um tom mais cauteloso, expressando surpresa com a condenação, mas reconhecendo sua percepção pessoal sobre Bolsonaro.
Enquanto isso, a ala do governo norte-americano alinhada com Trump sinaliza que manterá e possivelmente intensificará a pressão diplomática, econômica e jurídica, mantendo o caso sob foco e preparando-se para eventuais novos desdobramentos entre os dois países.