María Corina Machado, líder da oposição venezuelana, foi anunciada nesta sexta-feira (10/10) pelo Comitê Norueguês do Nobel, em Oslo, como a ganhadora do Prêmio Nobel de 2025.
Segundo o comitê, María Corina Machado foi agraciada com o prêmio “pelo seu trabalho incansável em defesa dos direitos democráticos do povo da Venezuela e seu empenho em alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”. “María Corina Machado mantém viva a esperança democrática em meio a um cenário desafiador”, destaca o texto oficial da premiação.
No pleito presidencial de 2024 na Venezuela, María Corina Machado foi impedida de concorrer pelo Judiciário local. As eleições, realizadas no final de julho, foram marcadas por falta de transparência, e a reeleição de Maduro foi amplamente contestada pela comunidade internacional.
Desde então, a líder oposicionista venezuelana tem permanecido em local secreto para sua segurança.
Trajetória e atuação
Nascida em 1967 na Venezuela, María Corina Machado é uma figura central na oposição ao governo de Nicolás Maduro. Com formação em engenharia e especialização em finanças, iniciou sua carreira no setor privado antes de se dedicar à política e à defesa dos direitos humanos.
Em 1992, fundou a Fundação Atenea, que oferece apoio e educação para crianças em situação de rua em Caracas. Dez anos mais tarde, participou da criação da Súmate, organização dedicada a promover eleições livres e transparentes, conhecida pelo treinamento de observadores eleitorais e fiscalização dos processos de votação.
Em 2010, foi eleita deputada da Assembleia Nacional com votação recorde, porém foi destituída em 2014 pelo governo chavista. Desde então, lidera o partido Vente Venezuela e é uma das fundadoras da aliança Soy Venezuela, que reúne forças pró-democracia de diferentes correntes políticas.
Em 2023, declarou sua candidatura presidencial, mas teve sua inscrição barrada pelo regime. Após vencer as prévias da oposição com mais de 90% dos votos, sendo a favorita para derrotar Maduro nas urnas, foi impedida de exercer cargos públicos por 15 anos em decisão do Supremo Tribunal de Justiça alinhado ao governo, em janeiro de 2024.
Nas eleições de 2024, apoiou o candidato opositor Edmundo González Urrutia, cuja vitória foi negada pelo governo, mesmo diante das evidências apresentadas pela oposição.
Detenção temporária
Em janeiro deste ano, María Corina Machado sofreu uma detenção breve. Conforme o Comando ConVzla, grupo que coordenou a campanha da oposição contra Maduro, ela foi detida após sair de uma manifestação no município de Chacao, em Caracas.
O grupo denunciou que María Corina Machado foi abordada de forma violenta ao deixar a concentração em Chacao.
Posteriormente, a emissora estatal teleSUR publicou um vídeo em que a opositora negou ter sido presa, ressaltando que se encontrava bem, embora as circunstâncias em que a gravação foi feita não tenham sido esclarecidas.