Clebson Vieira, analista de inteligência no Ministério da Justiça durante o governo de Jair Bolsonaro, afirmou que recebeu ordens para reunir informações tentando ligar o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva a grupos criminosos.
Ele explicou que foi solicitado que verificasse se havia relação entre a distribuição dos votos de Lula e áreas controladas pelo Comando Vermelho no Rio de Janeiro, para descobrir se o candidato tinha mais apoio em regiões dominadas por facções.
Clebson Vieira deu seu depoimento como testemunha da acusação em um processo no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo Bolsonaro e aliados.
Segundo Clebson, as solicitações de dados eleitorais começaram em 2022 e eram coordenadas por Marília de Alencar, então diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, que é ré no processo. Só as informações sobre Lula foram realmente utilizadas.
Ele contou que comentava com sua esposa, por mensagens, sobre essas demandas com viés político, que tinham como objetivo ajudar o governo, e disse ter se sentido muito desconfortável com as ordens recebidas.
Ações da Polícia Rodoviária Federal
Outro depoimento foi do ex-coordenador de Inteligência da PRF, Adiel Pereira Alcântara, que confirmou orientações para intensificar fiscalizações em estados como Goiás, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro durante as eleições de 2022.
Ele explicou que a fiscalização foi mais rigorosa nestes estados, de onde muitos eleitores vão para o Nordeste, região com alta votação para Lula.
Depoimentos no processo
As testemunhas foram ouvidas em um processo que investiga o Núcleo 2 da trama identificada pela Procuradoria-Geral da República como responsável por ações como monitoramento de opositores e elaboração de estratégias para tentar tomar o poder.
Entre os investigados estão Filipe Martins, Marcelo Câmara, Silvinei Vasques, Mário Fernandes, Marília de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira.
Nesta segunda-feira, o tenente-coronel Mauro Cid está prestando depoimento novamente. Ele foi ajudante de ordens de Bolsonaro e delator da trama. A audiência está sendo conduzida pelo juiz Rafael Henrique Janela Tamai Rocha.
Informações da Agência Brasil