Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, enfrenta um crescente isolamento internacional e pressões internas enquanto se prepara para discutir sua estratégia contra o Hamas, em reunião marcada para segunda-feira (29/9), em Washington, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Nos últimos dias, o reconhecimento do Estado da Palestina por diversos países intensificou o isolamento de Israel no cenário mundial.
A reunião acontece pouco depois do presidente americano apresentar um plano de 21 pontos destinado a encerrar o conflito na Faixa de Gaza, apresentado em encontros com líderes árabes e muçulmanos durante a Assembleia Geral da ONU.
Donald Trump expressou otimismo em sua plataforma Truth Social, afirmando que há uma chance real de alcançar um acordo histórico no Oriente Médio, convidando todos a se unirem ao esforço.
Na sexta-feira, Trump afirmou acreditar ter chegado a um acordo para pôr fim ao conflito, enquanto Netanyahu reafirmou sua intenção de continuar a luta contra o Hamas.
Pressões internas e externas
Especialistas indicam que Netanyahu está em uma situação delicada, cercado por pressões tanto dentro de Israel quanto no cenário internacional, levando-o a considerar a aceitação do plano americano, principalmente por depender do apoio dos Estados Unidos.
No país, manifestações têm sido frequentes, com milhares exigindo cessar-fogo e apelando para que Trump use sua influência para encerrar o conflito.
O isolamento de Israel tem se agravado com o reconhecimento do Estado da Palestina por países como França, Canadá, Reino Unido e Austrália.
Detalhes do plano de cessar-fogo
O plano proposto inclui o estabelecimento de um cessar-fogo permanente em Gaza, a liberação dos reféns israelenses, a retirada das tropas israelenses da região e a formação de um governo local sem a presença do Hamas.
Líderes árabes e muçulmanos apoiam a proposta e solicitam a suspensão imediata das operações militares israelenses. Entretanto, algumas propostas, como a participação da Autoridade Palestina na administração futura de Gaza, podem causar divergências internas no governo israelense, especialmente com a extrema-direita.
Esse retorno da Autoridade Palestina está condicionado a reformas internas que podem levar anos para serem implementadas.
Desafios e perspectivas
Ministros de extrema direita anunciaram que podem abandonar o governo caso Netanyahu aceite a participação da Autoridade Palestina ou encerre o conflito sem derrotar completamente o Hamas.
A segurança na Faixa de Gaza após a retirada de Israel também é uma questão delicada, com a proposta de uma força internacional composta por tropas palestinas, árabes e muçulmanas, mas sem definição clara sobre comando e controle.
Esse plano introduz uma internacionalização inédita no conflito, embora falte uma liderança definida para assegurar sua execução, aumentando a imprevisibilidade dos próximos passos.
Contexto do conflito
A guerra teve início após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que resultou em mais de mil mortes em Israel, principalmente civis.
Em resposta, a ofensiva de Israel contra Gaza já dura quase dois anos e causou cerca de 66 mil mortes, a maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, reconhecidos pela ONU.