Mariana Brasil
FolhaPress
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, declarou nesta quinta-feira (31) que o plano para ajudar os setores da economia brasileira afetados pela tarifa imposta pelos Estados Unidos está quase finalizado e que as negociações estão entrando em uma fase mais intensa.
“Os 35,9% das exportações que foram diretamente impactadas pela tarifa, vamos trabalhar para reduzir. Não consideramos o assunto encerrado. A negociação vai crescer agora”, afirmou Alckmin em entrevista ao programa Mais Você.
Na última quarta (30), o presidente dos EUA, Donald Trump, assinou o decreto que estabelece uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, com exceção de quase 700 itens, incluindo suco e polpa de laranja, alguns minérios e equipamentos tecnológicos.
“O plano está quase pronto e tem como foco preservar empregos e a produção. Após o anúncio da tarifa, o presidente Lula vai decidir os detalhes, pois há impacto financeiro e tributário”, explicou o vice-presidente.
Segundo ele, o governo dará prioridade à manutenção do emprego e da produção nacional.
A tarifa passará a valer na próxima semana, substituindo os 10% anunciados anteriormente pelo presidente americano para vários países, incluindo o Brasil.
Alckmin tem sido o principal representante brasileiro nas negociações com os EUA, que procuram diálogo há meses, com envio de duas cartas oficiais sem resposta até o momento.
O contato principal tem sido com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, com quem o Brasil tem mostrado interesse em negociar para evitar a sobretaxa.
O vice-presidente também tem se reunido com empresários e líderes de diversos setores, como indústria, agronegócio e tecnologia, para analisar os impactos da medida americana sobre a economia brasileira.
Na carta que antecipou o aumento da tarifa para 50%, Trump justificou a sobretaxa afirmando que o Brasil estaria tratando de forma injusta o ex-presidente Jair Bolsonaro, alegando perseguição nos processos judiciais no Supremo Tribunal Federal.
No entanto, Lula e sua equipe afirmaram que as decisões do judiciário e questões internas brasileiras não são objeto de negociação, criticando a interferência política do governo americano nas relações econômicas.