A Galileo foi lançada em 1989 para examinar o quinto planeta a partir do sol
Um novo olhar sobre dados de um sobrevoo de 1997 da lua de Júpiter Europa sugere que a espaçonave Galileo da Nasa voou diretamente através de uma pluma de água, aumentando as esperanças de encontrar sinais de vida em torno do segundo planeta do Sistema Solar a partir da Terra.
O que eles encontraram foi a evidência mais direta até hoje de plumas emergindo da superfície congelada de Europa, relataram pesquisadores na revista científica Nature Astronomy.
Os cientistas acreditam que Europa abriga um oceano salgado com o dobro do tamanho do nosso.
Dada a suspeita de abundância de água morna e líquida sob sua camada de gelo espessa, esta lua é considerada uma “candidata principal” pela Nasa a abrigar vida no sistema solar, além da Terra.
Nos últimos anos, o Telescópio Espacial Hubble da Nasa detectou evidências de plumas em Europa, mas de longe.
O Galileo chegou muito mais perto durante seus 11 sobrevoos da Europa.
“Em uma passagem particular por Europa, a nave chegou muito, muito perto da superfície – que eu me lembre a menos de 150 quilômetros acima da superfície – e foi nessa passagem que vimos assinaturas que nós nunca realmente entendemos”, disse Margaret Kivelson, professora emérita de física espacial da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, na Nasa TV.
Essa região estava em uma área onde o Telescópio Espacial Hubble havia detectado repetidas evidências de plumas.
Quando outro pesquisador apresentou recentemente descobertas sobre a coleção de observações do Hubble, “isso nos levou a perceber que precisávamos voltar e examinar os dados da Galileo”, disse Xianzhe Jia, professor associado da Universidade de Michigan, em Ann Arbor.
Para o novo estudo, os especialistas mediram as variações no campo magnético da lua e nas ondas de plasma, com base nos dados obtidos durante o sobrevoo de perto de Galileu, e descobriram que elas eram “consistentes” com o cruzamento de uma pluma pela nave espacial.
“Esses resultados fornecem fortes evidências independentes da presença de plumas na Europa”, escreveram na Nature.
A equipe reconstruiu o caminho da espaçonave para identificar a localização da pluma na superfície da lua.
“Essas descobertas ajudarão a planejar missões futuras à Europa, como a Europa Clipper, da Nasa, e a nave Jupiter Icy Moons Explorer, da ESA, ambas previstas para chegar a Júpiter entre o final da década de 2020 e início da década de 2030”, disse um resumo da Nature.
Perguntas permanecem
A Nasa havia relatado evidências duas vezes, a partir de seu Telescópio Espacial Hubble, da existência de plumas de água em Europa, embora essa interpretação tenha causado muito debate.
E muitas questões permanecem sobre o que as plumas contêm, e se isso inclui alguma forma de vida.
Elizabeth Turtle, pesquisadora do Laboratório de Física Aplicada Johns Hopkins em Laurel, Maryland, disse que o oceano subterrâneo “é provavelmente a parte mais habitável de Europa porque é mais quente e protegida do ambiente de radiação pela camada de gelo”.
E se as plumas entrarem em erupção como gêiseres, “pode haver maneiras do material do oceano sair para cima da camada de gelo, e isso significa que poderíamos testá-lo”, disse.
O relatório foi descrito pela Nasa como uma “boa notícia” para a missão não tripulada Europa Clipper, um empreendimento de US$ 8 bilhões com lançamento previsto para junho de 2022 e planos de uma série de sobrevoos de baixa altitude em Europa, quando poderia obter amostras do líquido congelado e de partículas de poeira.
“Agora parece haver muitas linhas de evidência para descartar plumas na Europa”, disse Robert Pappalardo, cientista do projeto Europa Clipper no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia.
“Se existem plumas, e podemos testar diretamente o que vem do interior de Europa, então podemos mais facilmente saber se Europa tem os ingredientes para a vida”, disse em um comunicado.
A Galileo foi lançada em 1989 para examinar o quinto planeta a partir do sol.
Antes de terminar sua missão em 2003, com uma queda planejada na atmosfera de Júpiter, Galileu reportou os primeiros dados sugerindo um oceano de água líquida sob a superfície de Europa.