Atualmente, um grande desafio da quimioterapia é sua falta de precisão. Chad Mirkin, um dos maiores especialistas em nanotecnologia, explica que os medicamentos usados na quimioterapia atacam não só as células doentes, mas também as saudáveis, causando efeitos colaterais como náuseas, fadiga intensa e até problemas cardíacos.
Chad Mirkin desenvolveu uma nova técnica usando nanopartículas esféricas chamadas ácidos nucleicos esféricos (SNA). Essas nanopartículas funcionam como um ‘cavalo de Troia’, entregando o medicamento 5-fluorouracil (5-FU) diretamente nas células cancerosas.
O 5-FU foi incorporado na estrutura do SNA em forma de uma cadeia sintética de DNA, enquanto no interior há uma pequena bolha de gordura que ajuda a dar estabilidade à partícula. Essa configuração faz com que as células do câncer pensem que estão absorvendo DNA normal, facilitando a entrada do medicamento.
Como funciona essa nanotecnologia?
A estratégia foi modificar a forma química do 5-FU para que as células cancerosas o reconheçam como um componente de DNA. Assim, as células absorvem esse ‘DNA falso’ e liberam o medicamento dentro delas, destruindo a doença de dentro para fora.
Além disso, o 5-FU tradicional é pouco solúvel e muito tóxico. Esta nova estrutura nanotecnológica aumenta a solubilidade e a eficiência do medicamento, melhorando o tratamento e diminuindo os efeitos colaterais.
Em testes com camundongos com um tipo agressivo de câncer de sangue, a nanomedicina mostrou ser 12,5 vezes mais eficiente na absorção celular, com capacidade de destruir as células doentes até 20 mil vezes maior e controlar a doença muito melhor, sem efeitos colaterais observados.
Avanços e futuro da nanomedicina
Este avanço representa o potencial da nanomedicina estrutural, que redesenha os medicamentos para melhorar como eles agem no corpo. Diferente das formas tradicionais, onde o remédio fica solto ou dentro de partículas de gordura, nesta técnica o medicamento faz parte da estrutura da nanopartícula.
Embora ainda seja necessário muito investimento e testes para uso em humanos, os resultados são promissores. Como a tecnologia já é testada para outras doenças em humanos, muitos desafios regulatórios têm sido superados.
Chad Mirkin ressalta que, se esses resultados forem confirmados em pessoas, será um grande avanço na quimioterapia, com tratamentos mais eficazes e menos efeitos colaterais, o que é o objetivo principal no combate ao câncer.
