A música tem o poder de curar, e a musicoterapia é uma prova viva disso. Essa técnica usa sons, melodias e ritmos para ajudar a melhorar a saúde física, emocional e social das pessoas.
Um exemplo inspirador é o projeto Remédio Musical, criado há 17 anos por Alan Cruz, músico de Brasília.
O projeto começou na sala de quimioterapia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), com a missão de levar música voluntariamente a pacientes em tratamento.
Com o tempo, o projeto cresceu e alcançou outros hospitais públicos e privados, casas de apoio a idosos e clínicas de saúde mental, chegando a diferentes pessoas e locais no Brasil. Agora, o grupo planeja levar a iniciativa a Lima, no Peru.
A musicoterapia tem se tornado uma grande ajuda em hospitais, clínicas e centros de reabilitação para pacientes que enfrentam dor, ansiedade, depressão ou doenças crônicas.
Mais do que ouvir músicas, essa técnica usa a música para despertar memórias, ajudar na expressão dos sentimentos e fortalecer a relação entre paciente e terapeuta. Pesquisas mostram que a musicoterapia pode diminuir o estresse, controlar a pressão arterial e até melhorar a resposta aos tratamentos médicos, ajudando a melhorar a qualidade de vida e o equilíbrio emocional.
Alan Cruz conta uma história que mostra o poder da música no cuidado clínico. Em uma UTI, um enfermeiro cuidava de uma paciente venezuelana chamada Maria, que estava em coma induzido após uma cirurgia no coração.
Ao conversar com a família, o enfermeiro descobriu que Maria adorava o cantor brasileiro Roberto Carlos. Inspirado, passou a cantar as músicas do cantor para ela todos os dias durante o plantão, acreditando que, mesmo inconsciente, ela escutava.
No terceiro dia, Maria despertou, chamando pelo cantor. No começo, a equipe médica pensou que ela estivesse delirando, mas, ao ouvir o enfermeiro cantar novamente, todos entenderam que a música alcança lugares onde remédios não chegam, despertando memórias, emoções e às vezes até a consciência.
Alan Cruz destaca: “Quando visitamos o hospital, não fazemos sessões completas de musicoterapia, mas vivemos momentos especiais de conexão e interação.”
A música pode tirar o paciente da dor e levá-lo a memórias felizes.
Embora o projeto Remédio Musical não substitua o trabalho dos musicoterapeutas, compartilha o mesmo objetivo: usar a música para cuidar, acolher e transformar.
Os voluntários que participam das apresentações percebem o impacto positivo da música nos hospitais. Um simples acorde pode gerar sorrisos, lágrimas e boas recordações em quem enfrenta dias difíceis.
João Paulo Chagas, musicoterapeuta que começou dando aulas de música para alunos com necessidades especiais, hoje leva a música para crianças, adolescentes e idosos. Ele explica que a musicoterapia ajuda todos, não só quem tem condições especiais.