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sexta-feira, 22/11/2024
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Há um bom tempo a mulher vem conquistando o seu lugar no mercado de trabalho, mas em certas profissões a resistência é maior, como é o caso dos motoristas de ônibus. Mas essa barreira profissional está sendo vencida e recentemente o espaço no mercado se abriu para as mulheres motoristas e já é comum avistar mulheres conduzindo ônibus no trânsito das cidades. No segmento de transporte de pessoas por fretamento, um exemplo de atuação da mulher como motoristas é a Viação Mimo que há cinco anos começou a contratar mulheres. Hoje já são sete funcionárias atuando como motoristas e na empresa há vagas abertas para novas profissionais.

           O diretor da Viação Mimo, Cláudio Moreira, diz que começou a investir na contratação de mulheres por necessidade, pela escassez de mão-de-obra. “Isso nos levou a investir e apostar na mão-de-obra das antigas “tias” de vans, que levavam as crianças para as escolas. Nós demos oportunidades dentro da nossa empresa começando pelo transporte com van, onde elas permaneciam por um período determinado de 12 meses, passavam para os micro-ônibus e depois de mais 12 meses elas atingiam o grau máximo, que é o ônibus grande de 44 lugares”

           Segundo Cláudio Moreira, a mulheres são econômicas, fazem maior quilometragem por litro de combustível e tem um ótimo relacionamento com os passageiros. “Elas são delicadas e educadas. A gentileza das mulheres e a calma com que elas conduzem os veículos são hoje os principais motivos porque a gente continua investindo e apostando na mulher como nossas condutoras”, explica Moreira.

           As empresas que contratam mulheres para atuar em profissões tradicionalmente “masculinas” enfrentam algumas dificuldades no início e precisam fazer algumas adequações, principalmente na área de relacionamento interno, entre os cargos de chefia e funcionárias. Cláudio Moreira diz que o costume em trabalhar só com homens durante muito tempo pode fazer com que a chefia não saiba lidar com as necessidades e os sentimentos da mulher. “Esse é um trabalho que a gente vem se adaptando e buscando melhorias. A mulher, que é mãe, tem alguns momentos em que precisa de um tratamento diferenciado”.

           O gestor Operacional da Viação Mimo, Pedro Ribeiro, informa que atualmente são sete motoristas mulheres no quadro de funcionários da empresa: Eunice Marcondes de Souza, Elaine Rosana de Menezes Silva, Sueli de Lourdes Magoga Machado, Sandra Trindade, Susana Gargan, Valdinéia Tofani e Elaine Tedardi da Silva, que foi contratada recentemente. O departamento de Recursos Humanos faz o recrutamento após análise das entrevistas, dos testes escritos, da avaliação psicológica e do teste prático no volante.

Jeito Feminino

           Valdinéia Tofani foi a pioneira, a primeira mulher motorista contratada pela empresa há cinco anos e também foi a única participante mulher do Concurso Motorista Padrão de 2010, organizado pela Sinfrecar. Está na profissão há oito anos e começou dirigindo carreta. “Comecei com caminhão porque meu esposo também é motorista, então fui aprendendo com ele. Sempre gostei do ofício, é uma coisa já da minha natureza, tenho prazer em dirigir, então eu não vejo dificuldades, eu me adapto bem”.

           Ela diz que quando começou encontrou bastante dificuldade, as empresas não contratavam mulheres e havia muito preconceito. “De uns cinco anos para cá já foi dada bastante oportunidade e a situação melhorou. As pessoas confiam hoje mais na mulher do que no homem no volante. A mulher é mais calma. Nesse tempo a mulher provou que tem capacidade”, afirma Valdinéia.

           Hoje o preconceito deu lugar para brincadeiras, em conversas bem humoradas entre motoristas e passageiros. Valdinéia diz que nas viagens alguns passageiros ainda sentem um impacto quando encontram uma motorista mulher e nessa hora é preciso jogo de cintura. “Eles brincam muito e eu também converso para quebrar o gelo, alguns têm dificuldade para pegar confiança”, comenta a motorista.

O trabalho com vans é uma porta de entrada para as mulheres na profissão.

Esse foi o caso de Sandra Trindade, que trabalha como motorista há dois anos. Ela começou na Viação Mimo há um ano e meio e diz que não encontrou dificuldade. “Algumas vezes o passageiro vê que a motorista é uma mulher e não está acostumado. No começo eles não confiavam, mas agora é normal”, explica Sandra.

           Já a motorista Susana Gargan está há três meses na empresa e trabalha há dois anos como motorista. “Como eu comecei há pouco tempo eu não vejo preconceito. No trânsito, algumas vezes, motoristas de caminhão não gostam de ver mulher ultrapassando, eles não aceitam quando percebem que é mulher que vai ultrapassar, eles não admitem. Mas hoje o mercado está bem aberto para as mulheres”, diz Susana.

           São muitos os exemplos da atuação das mulheres nas mais variadas áreas profissionais e em cargos com muita responsabilidade como a futura presidente do Brasil Dilma Rousseff e num exemplo mais próximo, com a presidente do Sinfrecar Marisa Noschese. Mas longe de ser uma competição com os homens, a mulher busca o seu espaço na sociedade e no mercado de trabalho.

As Motoristas Valdinéia, Sandra e Susana

 

Viação Mimo em Várzea Paulista

 

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