O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mantém seu plano para ocupar a Faixa de Gaza, enquanto cresce em Israel a mobilização para o fim do conflito. Diferentes grupos de mulheres, principalmente mães de soldados, estão na linha de frente das manifestações.
Netanyahu ignora a pressão internacional provocada pelo seu plano militar para ocupar Gaza, defendendo uma transferência em massa da população civil. Ele chegou a sugerir que outros países acolham os palestinos deslocados.
O temor de uma expansão da guerra cresce em Israel, onde o movimento pelo fim do conflito ganhou força com o chamado para um bloqueio nacional no domingo (17), exigindo a paz.
O apelo foi feito por famílias de reféns e soldados na linha de frente. Antes disso, várias ações já estavam em curso.
Nas proximidades da Faixa de Gaza, organizações de mulheres, compostas majoritariamente por mães de soldados, estabeleceram acampamentos, algumas permanecendo no local e outras participando das manifestações à noite.
“Se o chefe do Estado-Maior diz que essa guerra precisa acabar, que ela coloca em risco os reféns e os soldados, o que devemos pensar nós, mães?”, questiona Anabel Friedelander, uma das líderes.
Anabel, mãe de três reservistas convocados, rejeita a continuação do conflito. “Queremos retirar nossos filhos de Gaza, tirá-los da guerra agora!”
Ronit Nahmias, avó de um reservista, integra o grupo e confia na força dos protestos. Há quase trinta anos, ela liderou um movimento parecido contra a ocupação militar israelense no sul do Líbano.
“Chega, basta, parem! Não queremos mandar nossos filhos para a guerra. Alguns extremistas querem retomar toda a Faixa de Gaza, mas são loucos! Infelizmente, estão no governo agora…”
Este clima de indignação prepara o bloqueio nacional, apesar de resistência do principal sindicato do país, a Histadrut, que não apoia a iniciativa.
Exército israelense aprova plano para ocupar cidade de Gaza
O Exército de Israel anunciou que aprovou a tomada da cidade de Gaza, a maior do território palestino, como parte de nova fase para derrotar o Hamas e libertar os reféns.
Testemunhas relataram bombardeios intensos, presença de tanques e fortes explosões nos bairros de Tal al-Hawa e Zeitoun.
Após quase dois anos de conflito, Israel busca controlar a cidade e os campos de refugiados próximos, áreas densamente povoadas, para desmontar os últimos redutos do Hamas.
O Hamas chamou a escalada de perigosa. Por ordem do gabinete do primeiro-ministro, o Exército, que controla a maior parte do território, prepara a ofensiva.
O objetivo é libertar os reféns e derrotar o Hamas. O chefe do Estado-Maior, tenente-general Eyal Zamir, aprovou o plano operacional para Gaza, sem divulgar o cronograma.
“Os tanques avançam”
Moradores relataram destruição em bairros como Tal al-Hawa e disparos intensos. Muitos civis estão fugindo para o oeste da cidade.
Segundo a Defesa Civil, 18 palestinos, incluindo crianças, morreram em bombardeios. Entre eles, muitos aguardavam ajuda humanitária.
O Hamas anunciou conversas preliminares no Cairo para uma possível trégua.
Benjamin Netanyahu afirmou que o plano não visa ocupar Gaza, mas desmilitarizá-la para garantir controle de segurança e uma administração civil pacífica, porém não israelense.
O ataque do Hamas matou 1.219 israelenses, majoritariamente civis, enquanto a resposta israelense resultou em mais de 61 mil mortes em Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde palestino, reconhecidos pela ONU.
O chefe do Estado-Maior destacou a necessidade de maior preparo das tropas para convocação de reservistas, um tema delicado, pois grupos ultraortodoxos se recusam a servir.
Na terça-feira, centenas de pilotos aposentados protestaram em Tel Aviv pedindo o fim da guerra e o retorno dos reféns. O ex-general Dan Halutz afirmou que é a primeira vez que veteranos do exército estão nas ruas, sinalizando um alerta para o governo.