Por Gabriela Cidade
“Nossa luta é sempre pelo futuro dos jovens e das nossas crianças”, diz Luana Kaingang, líder da Articulação de Povos Indígenas do Sul (Arpinsul) e artesã. Recentemente, Luana participou de uma manifestação em Brasília para pedir a demarcação de terras indígenas.
Luana mora num território já reconhecido em Porto Alegre, na região da Tristeza, e está cursando direito na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Ela conta que muitos jovens indígenas saem de suas terras para estudar, mas depois retornam para ajudar suas comunidades.
A maior parte da renda da comunidade de Luana vem da venda de artesanatos. Porém, as mudanças no clima têm dificultado a obtenção de materiais para a produção dessas peças.
Terras indígenas que são reconhecidas ajudam a preservar a natureza, protegendo plantas e animais. Um estudo recente mostrou que a vegetação nessas terras perdeu apenas 1% em quase 40 anos, enquanto áreas privadas perderam muito mais. A manifestação recente pediu a demarcação de 104 terras indígenas antes da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30).
Filho no colo
Kauane Felix, do povo Kaingang, é do Sul do Brasil, de Nova Laranjeiras, no Paraná. Nasceu e cresceu em seu território, que já era demarcado quando ela nasceu.
Com seu filho de 2 anos nos braços, Kauane fala sobre o preconceito que seu povo enfrenta de residentes próximos à sua terra: “Ainda somos vistos como inimigos porque tivemos que expulsar invasores após a demarcação. Nossos vizinhos, incluindo netos e bisnetos desses invasores, continuam com preconceitos.”
Terras indígenas na Amazônia são importantes para o meio ambiente porque absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono, ajudando a combater as mudanças climáticas. Elas retiraram cerca de 340 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera entre os anos de 2001 e 2021. Isso mostra como é essencial proteger essas terras para conservar a natureza e apoiar os povos originários do Brasil.