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segunda-feira, 01/09/2025

Mulheres atraem clientes para gastar em banca de bebidas na feira do DF

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Na Feira Permanente do Setor P Norte, em Ceilândia, a venda de cervejas se transformou em um negócio que combina apelo sensual e consumo exagerado de álcool. Jovens mulheres, conhecidas como “iscas”, trabalham em bancas de bebidas vestindo roupas curtas e utilizando uma linguagem provocativa para atrair clientes, principalmente homens.

Essas vendedoras, com idades entre 17 e 25 anos, recebem comissão por cada garrafa vendida. A meta diária é vender ao menos 15 unidades, o que pode render cerca de R$ 800 por semana. Elas recebem R$ 5 por garrafa vendida, além de apoio no transporte. Apesar do ambiente sugerir prostituição, muitas afirmam que o trabalho se limita à venda de bebidas.

A primeira impressão é que essas bancas funcionam como uma espécie de “puteiro light” disfarçado de barracas alimentícias, porém isso está longe da realidade. Cada banca opera com até seis meninas que atuam simultaneamente para lucrar com a venda de bebidas geladas.

Preços elevados

O negócio é altamente lucrativo, mesmo com preços altos que podem assustar pessoas que visitam a feira pela primeira vez. Uma long neck pode custar a partir de R$ 15, enquanto um trio de garrafas “litrão” pode chegar a R$ 93. Frequentadores habituais gastam sem limite, com relatos de clientes desembolsando entre R$ 2 mil e R$ 3 mil em uma tarde quente. O figurino das vendedoras é cuidadosamente pensado para atrair olhares e incentivar o consumo.

A música alta é outra característica das bancas, onde funcionam caixas de som tocando funk, sertanejo e pagode. Esse cenário combina bebida, música e insinuações sexuais como estratégia de venda.

Banca conhecida como “trepa-trepa”

Uma banca bastante popular na feira, chamada de “trepa-trepa”, vai além da venda de bebidas. A responsável pelo local atua também como cafetina. Com o celular em mãos, ela exibe fotos e vídeos de garotas de programa e garante que pode arrumar acompanhantes para os clientes, enquanto ajeita o sutiã. Duas meninas que trabalham na banca ensaiavam passos de funk enquanto a responsável falava.

Segundo essa comerciante, as garotas de programa aparecem em maior número durante sextas, sábados e domingos, quando o movimento é maior. Ela comentou ter organizado festas privadas para políticos, com comunicação explícita sobre os valores pagos para as mulheres envolvidas nessas festas.

Detalhes do negócio das “iscas”

  • Idade das contratadas: entre 18 e 25 anos (maioria)
  • Meta diária: 15 garrafas de cerveja
  • Preço médio: R$ 15 a R$ 31 por unidade
  • Comissão: R$ 5 por garrafa
  • Renda semanal: até R$ 800

Assédio e exposição

Apesar da aparência de ponto de prostituição, nem todas as jovens se envolvem em programas sexuais. Para muitas, o trabalho é uma forma de complementar a renda, ainda que haja riscos de assédio e exposição. Enquanto isso, muitos boxes tradicionais da feira permanecem fechados por falta de clientes, enquanto as bancas de álcool e sedução ficam lotadas durante as tardes quentes.

O cenário observado revela um modelo de negócio que mistura entretenimento, venda de bebidas e insinuações sexuais, trazendo à tona questões sobre exploração, condições precárias de trabalho e, em certos casos, prostituição. Entre músicas altas, calor intenso e copos cheios, permanece a dúvida: até onde vai o comércio e onde começa a exploração sexual?

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