18.5 C
Brasília
segunda-feira, 11/08/2025

mulher tetraplégica com câncer de mama enfrenta invisibilidade

Brasília
céu limpo
18.5 ° C
18.5 °
16.7 °
43 %
2.6kmh
0 %
seg
28 °
ter
29 °
qua
31 °
qui
30 °
sex
24 °

Em Brasília

Yoko Farias Sugimoto, analista de sistemas de 41 anos, tornou-se tetraplégica aos 20 anos após um acidente em uma cama elástica. Recentemente, ela recebeu o diagnóstico de câncer de mama, que mudou novamente sua rotina e traz novos desafios.

Ela foi diagnosticada com o tumor em abril, durante exames realizados no dia de seu aniversário, após ser alertada por sua ginecologista sobre uma alteração no seu seio que havia passado despercebida.

“Percebi que meu mamilo estava retraído, mas pensei que fosse temporário. Quando a ginecologista questionou sobre isso, meu coração parou por alguns segundos. Fui encaminhada imediatamente ao mastologista”, relembra Yoko, que mora em Jaboatão dos Guararapes (PE).

Além da luta contra o câncer, Yoko enfrenta a dificuldade de um sistema de saúde pouco adaptado para pessoas com deficiência. Ela destaca a dificuldade para encontrar mamógrafos acessíveis e os constrangimentos para ser atendida adequadamente.

Principais sintomas do câncer de mama

  • Aparecimento de nódulo duro, indolor e irregular nas mamas.
  • Inchaço da pele que se assemelha à casca de laranja.
  • Retração cutânea.
  • Dor local.
  • Inversão do mamilo.
  • Descamação ou feridas no mamilo.
  • Secreção transparente, rosada ou avermelhada no mamilo.
  • Linfonodos palpáveis na axila.

Yoko ressalta que, sem o apoio de amigos, talvez seu diagnóstico não tivesse sido feito a tempo. Ela frequentemente enfrenta obstáculos para receber um atendimento digno, contando com a colaboração de profissionais dispostos a ajudar.

Desafios no atendimento e acessibilidade

Usando cadeira de rodas, Yoko depende de um plano de saúde custeado por amigos, pois não possui mais familiares. Embora o hospital que oferece sua quimioterapia seja acessível, as clínicas conveniadas nem sempre estão preparadas para receber pacientes com deficiência. Ela relata situações em que precisou aguardar no carro pela falta de macas ou foi carregada no colo por estranhos por ausência de estrutura adequada.

Sua cadeira de rodas é antiga e volumosa, dificultando o transporte em carros de aplicativo, agravando ainda mais sua mobilidade.

Ela destaca a falta de preparo dos profissionais para lidar com corpos que apresentam deficiência. “Sinto-me invisível, como um enigma impossível de ser decifrado”, desabafa. No entanto, encontra na equipe oncológica que a atende um acolhimento respeitoso que valoriza sua condição de mulher.

Tratamento e esperança

Desde julho, Yoko realizou metade das sessões de quimioterapia previstas. Em breve fará novos exames para avaliar a resposta do tumor, com possibilidade de remoção da mama, conforme avaliação médica.

Recentemente, precisou raspar os cabelos devido ao tratamento. “Estou me adaptando emocionalmente e sou fortemente amparada por pessoas que me dão esperança. O câncer não define quem eu sou, é apenas uma fase da vida, e a fé é meu combustível”, compartilha.

Historia pessoal e suporte

Yoko ficou tetraplégica após uma lesão cervical enquanto trabalhava como animadora de festa infantil aos 20 anos. Ela perdeu a mãe para o câncer aos 14 anos e, posteriormente, também a avó e o pai, ficando sem familiares próximos. Ela vive com benefício assistencial e concluiu recentemente sua faculdade de análise de sistemas, apesar das limitações físicas.

Além dos amigos, encontra força em suas redes sociais, onde compartilha histórias de superação e defesa dos direitos das pessoas com deficiência.

Políticas públicas e acessibilidade na saúde

A falta de estrutura adequada para pessoas com deficiência no tratamento do câncer de mama é uma grande barreira. Segundo a mastologista Maira Caleffi, é urgente a implementação de políticas públicas que garantam acessibilidade e qualidade de vida a essas pacientes. Ela ressalta a escassez de mamógrafos adaptados e a ausência de equipamentos móveis para exames em domicílio, o que dificulta o diagnóstico e acompanhamento.

Para Maira, a solução exige esforço conjunto do governo, sociedade civil e profissionais de saúde para reduzir os impactos do câncer entre mulheres com deficiência, contemplando não só o tratamento do tumor, mas também as dificuldades associadas à deficiência.

Yoko finaliza manifestando desejo por políticas inclusivas que reconheçam o corpo da pessoa com deficiência como alguém que também precisa ser cuidado, prevenido e tratado adequadamente.

Veja Também