Ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), transformou na segunda-feira (20/10) a detenção da russa Ekaterine Jorgensen em prisão domiciliar. Ela estava presa no Presídio Feminino do Gama desde setembro. A russa, que figura na lista vermelha da Interpol, será monitorada por tornozeleira eletrônica.
Junto com seu marido, o americano Erick Justin Jorgensen, Ekaterine foi detida pela Polícia Federal (PF) enquanto comemoravam o aniversário de 17 anos da filha em um restaurante próximo a um shopping do Distrito Federal, no dia 21 de agosto. Eles são acusados de comandar um esquema internacional de fraude financeira e lavagem de dinheiro que prejudicou empresas europeias em aproximadamente 900 mil euros, cerca de R$ 5,6 milhões.
Medidas a serem cumpridas
O STF aceitou o pedido da defesa de Ekaterine para que ela pudesse cuidar de sua filha adolescente, então sob a tutela do Conselho Tutelar em um abrigo no Distrito Federal. Além da tornozeleira eletrônica, Ekaterine deve cumprir várias condições:
- Entrega do passaporte a um dos Juízos Federais da Seção Judiciária do Distrito Federal;
- Proibição de deixar o Distrito Federal sem autorização;
- Comparecimento semanal à Vara Federal do Distrito Federal para justificar suas atividades;
- Atendimento a qualquer convocação judicial, garantindo sua entrega caso pedido de extradição seja formulado e aceito.
Nunes Marques negou o pedido de extradição da russa. Enquanto isso, Erick Jorgensen permanece preso no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo da Papuda.
Esquema fraudulentos
Segundo documentos de autoridades estrangeiras, a investigação revela que os Jorgensen criaram várias empresas fictícias para atrair investidores internacionais. Ekaterine registrou na Geórgia a VCM LLC, uma companhia com nome similar à norte-americana Vinito Capital Management LLC, do casal, para dar uma aparência legítima ao negócio, simulando atividades no ramo de produção e comércio de vinhos.
Por meio dessa estrutura, Erick Jorgensen – utilizando identidade falsa como “Erik Sabelskjold” – persuadiu empresários europeus a investir grandes quantias em contratos fictícios de gestão financeira.
Títulos fraudulentos
Em maio de 2020, o francês Pierre Escourrou, dono da empresa ferroviária M.F.I Maintenance Ferroviaire Industriel, transferiu 100 mil euros acreditando estar investindo em vinícolas. Dois meses depois, a britânica Bovell Global Macro Fund SP aplicou mais 500 mil euros em títulos sem qualquer valor real.
Investigações mostram que parte do dinheiro obtido de forma ilegal foi transferida para contas pessoais do casal, assim como para empresas fictícias gerenciadas na Geórgia e nos Estados Unidos. Entre maio e agosto de 2020, foram identificados depósitos que somam mais de 600 mil euros desviados das empresas afetadas, distribuídos em diversas contas, incluindo Vini Cielo LLC e Vinito Wines LLC, diretamente vinculadas a Erick e Ekaterine.
Por isso, as autoridades concluíram que o casal também realizava lavagem de dinheiro para tentar disfarçar a origem ilícita de seus bens.