Carolina Laura Silva Passos, professora de ensino fundamental de 52 anos, foi diagnosticada em 2023 com um câncer raro no duodeno, parte do sistema digestivo. A sua doença foi descoberta precocemente durante exames de rotina, quando o tumor ainda media apenas 1 centímetro.
Após a confirmação do diagnóstico, Carolina foi encaminhada rapidamente para cirurgia. “Eu sentia muito medo e só pensava em quem cuidaria da minha filha”, relata a paraibana.
De acordo com a oncologista Gabrielle Scattolin, que atende em Brasília, a detecção precoce é fundamental para um tratamento eficaz. “O duodeno é um órgão de difícil acesso, o que dificulta exames rotineiros e faz com que o diagnóstico seja frequentemente tardio”, explica a médica.
Em 8 de janeiro de 2024, Carolina realizou uma cirurgia delicada para retirada do duodeno e da cabeça do pâncreas, estruturas localizadas em uma região complexa e altamente vascularizada. Após sete dias em unidade de terapia intensiva (UTI), teve alta, mas precisou retornar devido a uma hemorragia interna, retornando à UTI por mais uma semana, totalizando 21 dias de internação.
Entendendo o câncer no duodeno
Esse tipo de câncer surge na primeira porção do intestino delgado e é difícil de diagnosticar devido à localização do órgão. Os sintomas que devem ser observados incluem perda de peso sem explicação, alterações nos hábitos intestinais como diarreia e sangramento, distensão abdominal, náuseas e vômitos.
A cirurgia para tratar essa doença é complexa e pode exigir o uso contínuo de medicamentos que repõem enzimas pancreáticas para auxiliar na digestão, especialmente quando há retirada parcial do pâncreas.
Carolina chegou a ter dificuldades para ingerir líquidos, lembrando: “Eu tomava água apenas pelas gotas de um algodão molhado pingando na minha boca”.
Durante sua recuperação, ela viveu momentos emocionantes, como encontrar uma enfermeira que foi sua aluna na Paraíba, o que trouxe grande alegria e sentido ao seu processo.
Apesar das dificuldades, Carolina perdeu 15 kg durante o tratamento e hoje faz uso permanente de medicamentos para reposição enzimática pancreática, fundamentais para sua digestão. A oncologista reforça que essa reposição será vitalícia.
Recuperada, sem necessidade de quimioterapia ou radioterapia, ela se comprometeu a compartilhar sua experiência com desconhecidos, já tendo contado sua história em 14 dos 21 dias que passou internada.
“Enfrentei tudo com o apoio da minha família e amigos. Hoje levo a vida com gratidão e leveza, desejando que minha vivência inspire esperança em quem enfrenta momentos difíceis”, emociona-se Carolina.