O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está realizando uma ocupação nas sedes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Distrito Federal e em outras oito unidades federativas. Essa ação faz parte da Jornada da Semana Camponesa, com o tema: “Para o Brasil alimentar, Reforma Agrária Popular!”
Desde a última terça-feira (22/7), aproximadamente 300 famílias estão na Superintendência Regional do Incra no Distrito Federal e Entorno, localizada no Setor de Garagens Oficiais Norte (SGON). Conforme os líderes do movimento, a desocupação dependerá do progresso das negociações sobre suas reivindicações.
O objetivo do movimento é desbloquear a paralisação das políticas de reforma agrária junto ao governo Lula e iniciar novas negociações para planejar essas políticas a partir de 2026, assegurando um orçamento adequado para cumprir as metas estabelecidas até o final do mandato do atual governo.
“A reforma agrária representa um instrumento vital para proteger as terras do país, em contraposição ao agronegócio explorador e prejudicial. A soberania nacional está diretamente ligada à soberania alimentar, que só é alcançada por meio da agricultura familiar camponesa e da reforma agrária. Por isso, o MST mobiliza-se em defesa da soberania nacional e da reforma agrária, lutando por terra, moradia, crédito e educação no campo como políticas essenciais para fortalecer a agricultura brasileira e garantir direitos básicos às famílias assentadas e acampadas”, indica a carta oficial do MST.
As pautas do MST concentram-se em quatro pontos principais:
- Democratização da terra e criação de novos assentamentos: implementação de novos assentamentos e efetivação daqueles já existentes;
- Teto e crédito: liberação ampla de políticas públicas para fomentar a produção alimentar e o desenvolvimento dos assentamentos, já que muitos ainda carecem de crédito básico para a instalação das famílias;
- Educação do Campo: expansão do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) para garantir acesso ao ensino superior aos jovens do campo;
- Reforma Agrária como pilar da soberania nacional: proteção das terras brasileiras contra o agronegócio predatório e resistência a interferências externas.
Até o momento, o MST está em diálogo com os dirigentes do Incra no Distrito Federal e nacional, bem como com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), buscando avanços nas reivindicações.
Marco Baratto, dirigente do MST em Brasília, informou que já houve progresso nas negociações relacionadas à infraestrutura e crédito. “Com o Incra nacional na mesa, aguardamos a pauta sobre a terra, pois existem mais de 2 mil famílias em acampamentos que precisam ser assentadas nas regionais do Oeste Mineiro, Nordeste Goiano e Distrito Federal e Entorno”, explicou.
De acordo com o MST, existem mais de 122 mil famílias registradas pelo Incra, distribuídas em 1.250 acampamentos em todo o Brasil, necessitando de terra para trabalhar e viver.
Estados como Minas Gerais, Paraíba, Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão também presenciaram protestos e ocupações nas sedes do Incra.