Operação Gárgula investiga ainda a família do capitão, morto em fevereiro de 2020 na Bahia.
A Justiça também determinou o sequestro de R$ 8,4 milhões em bens, como um haras em Guapimirim.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também tentava cumprir 27 de busca e apreensão — dois eram contra irmãs do miliciano.
Rede de agiotagem
Segundo a denúncia do MPRJ, sob comando de Adriano, os nove denunciados praticaram crimes de agiotagem e lavagem de dinheiro em favor do miliciano.
“Essas manobras visavam à ocultação e à dissimulação da origem do dinheiro ilegal obtido com os crimes perpetrados por Adriano”, diz o documento.
O MPRJ afirma que Júlia Lotufo, viúva de Adriano, era a responsável pela contabilidade e pela gestão financeira dos lucros das atividades criminosas — como a liderança da milícia de Rio das Pedras.
Júlia também controlava, segundo a denúncia, os valores destinados para empréstimos.
Os promotores afirmam que, entre 2017 e o início de 2020, os nove denunciados, sob as ordens de Adriano, concediam empréstimos a juros de até 22%, utilizando-se de empresas de fachada.
Uma dessas firmas era a Cred Tech Negócios Financeiros LTDA, da qual o PM Rodrigo Bittencourt — preso nesta segunda-feira — era sócio. A companhia de fachada movimentou, entre 1º de agosto de 2019 a 28 de abril de 2020, R$ 3,6 milhões.
Segundo as investigações, bens de quem acabava devendo à Cred Tech eram confiscados e passados para o nome de dois laranjas.
PM morto era braço direito
O sargento Luiz Carlos Felipe Martins, morto no último sábado (19), é descrito na denúncia como homem de confiança de Adriano. Segundo o MP, Orelha o auxiliava na administração dos valores que seriam colocados para empréstimos a juros exorbitantes.
Orelha também era responsável por levar valores a familiares e prestadores de serviços de Adriano e pelo pagamento das despesas pessoais do patrão com aluguel, carros e cartões de crédito. A ação penal será extinta em relação a ele.
Milícia e assassinatos
O MP afirma que Adriano chefiava a milícia de Rio das Pedras e integrava o consórcio de matadores de aluguel conhecido como Escritório do Crime.
A TV Globo apurou que, no espólio de Adriano, constam:
- restaurantes;
- postos de gasolina;
- gado;
- cavalos de raça;
- áreas rurais;
- imóveis;
- carros.
Esses bens, segundo as investigações, foram adquiridos com a lavagem de dinheiro de diferentes atividades criminosas:
- mortes por encomenda;
- grilagem de terras;
- construção ilegal de imóveis;
- agiotagem;
- exploração de caça-níqueis;
- cobrança de ágio na água e no gás, vendidos sob monopólio.