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segunda-feira, 20/10/2025

Mourão diz que Bolsonaro não estaria nesta situação se ele fosse o vice

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FABIO VICTOR
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O senador e general da reserva Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que foi vice-presidente do Brasil de 2019 a 2022, afirmou que se tivesse sido escolhido como vice na chapa de Jair Bolsonaro nas últimas eleições, o presidente teria ganho a reeleição.

Segundo ele, nem Bolsonaro nem Walter Braga Netto, que foi o vice finalmente escolhido e também é general da reserva, estariam enfrentando hoje processos judiciais por tentativa de golpe, pois o segundo está preso em uma unidade militar no Rio de Janeiro há mais de sete meses.

Mourão comentou que, depois de ser rejeitado como candidato a vice por Bolsonaro, deixou de participar das reuniões ministeriais e acredita que ter sido vice teria mudado o curso da eleição.

Em resposta a uma pergunta sobre se ser deixado de lado foi algo positivo para ele, o senador explicou que, se tivesse sido vice, a situação atual de processos e prisões não existiria e que todos estariam felizes.

Ele não detalhou as razões para acreditar que o resultado eleitoral teria sido diferente com sua presença na chapa, mas sua posição demonstra uma tentativa de se distanciar de Braga Netto, com quem tem amizade há mais de 40 anos e tem defendido publicamente.

Mourão é um dos poucos generais do governo Bolsonaro que não enfrenta processos judiciais relacionados às conspirações golpistas do final do mandato. No processo em curso no Supremo Tribunal Federal, ele foi chamado como testemunha por quatro réus, incluindo Bolsonaro e os generais Augusto Heleno, Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira.

Durante seu depoimento em maio, Mourão afirmou que participou de algumas reuniões durante a transição de governo, mas nunca ouviu falar sobre planos para romper a ordem institucional ou contestar o resultado das eleições.

Ele elogiou Braga Netto, destacando a longa amizade entre as famílias, a carreira militar dele e a parceria de seus filhos no vôlei. Também elogiou Augusto Heleno, chamando-o de ícone e exemplo para sua geração.

Em relação a Bolsonaro, a relação era diferente, marcada por tensões evidentes durante o mandato. Bolsonaro chegou a expressar publicamente sua insatisfação, afirmando que Mourão tinha muita independência e que a relação entre vice e presidente era como a de um cunhado difícil de lidar.

Mourão afirmou que enfrentou uma guerra fria com Bolsonaro e lamentou não ter tido uma conversa aberta com ele para evitar desentendimentos.

Sobre a prisão de Braga Netto, o ex-vice considera a situação injusta e absurda, destacando que não houve obstrução da Justiça, e que sua detenção é simbólica dentro da perspectiva do ministro Alexandre de Moraes, pois mantém um general de quatro estrelas preso.

Em abril, Mourão foi autorizado pela Justiça a visitar Braga Netto na Vila Militar, no Rio de Janeiro, onde o general está detido desde dezembro. Eles conversaram por cerca de 40 minutos, falando sobre assuntos leves, sem tratar do processo judicial.

Mourão deu de presente para Braga Netto um livro em inglês sobre liderança, que conta a história de generais americanos que foram decisivos na Segunda Guerra Mundial. Segundo ele, o livro foi para levantar o ânimo do amigo e colega detido.

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