O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) indicou uma possível separação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) ao colocar em pauta a PEC da Blindagem e anunciar que também levará ao plenário a anistia para os condenados por tentativa de golpe de Estado. Ambas as propostas são controversas e provavelmente não serão aprovadas ao passarem pelo Senado.
De acordo com fontes próximas, o recado de Motta é que a Câmara seguirá sua agenda independentemente das orientações do Senado. Essa mensagem é dirigida aos líderes dentro da própria Câmara, de quem ele se distanciou após eventos tensos, como o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao aumento do número de parlamentares, a ocupação do plenário e a derrota na escolha do presidente e do relator da CPMI do INSS.
Nessas ocasiões, líderes reclamaram que Motta priorizava conversas com o Planalto ou com Alcolumbre em vez de dialogar com os líderes para entender os acontecimentos dentro da Câmara. Nos últimos dias, essa postura mudou, e o diálogo de Motta com os representantes dos partidos que o elegeram aumentou, com conversas frequentes para garantir a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que dificulta investigações contra parlamentares.
Além disso, há um claro afastamento do Planalto na estratégia de Motta. Em meio ao constrangimento causado pela oposição, que o impediu de ocupar seu lugar no plenário durante o motim pró-anistia, ele se aproximou gradualmente do presidente Lula, sendo a única autoridade de outro poder presente no desfile de 7 de Setembro em Brasília com o presidente.
Quando seu indicado para relator da CPMI do INSS foi rejeitado em uma articulação silenciosa de bolsonaristas com apoio de vários partidos, Motta novamente buscou apoio no Planalto. Esse episódio, considerado um ‘golpe’ contra seu indicado, foi discutido anteriormente em um jantar com líderes do Centrão, seu grupo político.
Agora a situação se transformou. Motta realizou pelo menos três reuniões com líderes sobre a PEC da Blindagem e a anistia, além de diversas conversas reservadas com influentes figuras políticas. Isso tudo ocorre apesar das indicações do Senado de que ambas as propostas provavelmente serão rejeitadas.