Com a aprovação da pauta econômica prioritária e a ausência de urgências legislativas imediatas, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê um ambiente mais estável no Congresso para 2026, após um final de ano marcado por esforços da Câmara para avançar em temas mais delicados.
Embora o cenário político ainda possa apresentar surpresas, aliados esperam um ano eleitoral mais tranquilo na interação entre os Poderes, com o foco gradualmente direcionado para as eleições, reforçado por uma aproximação maior entre o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o Palácio do Planalto.
Essa colaboração também impactará discussões previstas para o próximo ano, como o PL Antifacção e a PEC da Segurança Pública, que devem seguir com menos resistência. A relação próxima entre Motta e o governo pode influenciar as articulações políticas locais na Paraíba, sua base eleitoral.
O próprio presidente da Câmara tem buscado “organizar a pauta” antes do recesso, acelerando votações no fim de 2025 para reduzir pendências e evitar que temas polêmicos comprometam o calendário em um ano de eleição.
Este movimento ocorre após um período intenso de negociações entre o Planalto e o Legislativo, que enfrentaram momentos de tensão, mas resultaram na aprovação das principais iniciativas econômicas do governo nos últimos anos.
Dentre os avanços, destaca-se a isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês, uma das prioridades do terceiro mandato de Lula. O relator, Arthur Lira, negociou ajustes ampliando os benefícios para faixas de renda maiores, o que começará a valer em 2026, ano da corrida eleitoral.
O governo também encerra este ciclo com a aprovação de medidas fiscais que estabeleceram um novo regime fiscal, ajustaram regras de arrecadação e promoveram maior previsibilidade das finanças públicas.
Nem todas as propostas progrediram conforme o Executivo desejava. A aprovação do PL da Dosimetria, resistida pelo governo, reflete mais um posicionamento político do que uma questão de agenda pública, com expectativa de votação do veto presidencial e possível judicialização em 2026.
Outros projetos importantes, como o PL Antifacção e a PEC da Segurança Pública, ficarão para análise após o recesso e são peças chave para a agenda do governo na área de segurança, que deve ganhar destaque na campanha eleitoral.
Recentemente, pesquisas de opinião trouxeram perspectivas positivas para Lula, mesmo com a concorrência do senador Flávio Bolsonaro (PL), que enfrenta alta rejeição entre os eleitores. Em eventos públicos, o presidente manifestou confiança para as eleições de 2026, afirmando que derrotará a extrema-direita.
A postura do presidente da Câmara indica a intenção de manter uma relação mais próxima com o Planalto no próximo ciclo eleitoral, um movimento que pode influenciar diretamente sua estratégia política na Paraíba, seu principal reduto de apoio.

