Interlocutores do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), acreditam que a única solução para encerrar a tensão entre a Câmara e o Planalto é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) faça um contato direto com Motta para dialogar.
No início da semana, o político paraibano rompeu relações com o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), conforme declarado ao Metrópoles. A motivação foram críticas que aliados de Motta consideraram desnecessárias.
“A Câmara sempre apoiou institucionalmente propostas importantes para o país. Contudo, o presidente recebe em resposta ataques infundados, que não beneficiam nem a relação institucional, nem a política partidária”, afirmou um conhecedor próximo a Motta.
A indicação de Guilherme Derrite (Progressistas-SP) para relator do projeto de lei Antifacção agravou o conflito. Lindbergh declarou: “Ele cometeu um erro em tema tão relevante, primeiramente pela escolha do relator, pois o PL é de autoria do Executivo, e não estávamos pedindo um relator do PT, mas sim alguém neutro e dialogante”, apontando este como um dos motivos da deterioração nas relações.
Importante lembrar que Derrite estava licenciado da Câmara por atuar como secretário de Segurança Pública do governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).
Fontes ligadas a Motta revelaram que tanto Lula quanto Hugo são cumpridores da palavra e cordiais, mas os ataques mais ásperos do líder governista são o verdadeiro obstáculo.
Ausente durante a cerimônia de sanção do aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda para ganhos mensais até R$ 5 mil, Motta alegou a ausência devido ao ambiente tenso provocado pelo desentendimento com Lindbergh. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-RR), também não participou, porém por motivos distintos.
Mesmo assim, o empenho do presidente da Câmara para avançar com a proposta do novo IR foi reconhecido pela ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT).
Durante o evento, Lula destacou a importância do diálogo, afirmando que não é necessário que todos sejam iguais, mas é fundamental aprender a conversar e buscar soluções intermediárias que possam não satisfazer totalmente uma parte, mas que alcancem um resultado que beneficie a maioria.
